A música tem um jeito mágico de costurar memórias com batidas e letras, transformando momentos comuns em algo profundamente significativo. Tem letras que sempre nos tocam. Tem melodias que sempre nos empolgam. No entanto, existem músicas que se tornam especiais por motivos completamente aleatórios.
A escolha da vez é por uma música que me faz lembrar de um momento bem pessoal vivido com alguém. Ainda que já conhecesse o Muse, mesmo que de forma superficial, a banda não tinha ganhado a minha atenção até que eu conheci a Karen. O trio é algo que faz parte da vida dela de uma forma intensa e cada conversa com ela sobre eles se transformava em uma imersão nas histórias vividas em torno deles, suas aventuras para assistir aos shows, sua participação em grupos de fãs e o vínculo emocional inabalável que nutria por eles.
Observar essa conexão dela com a banda foi o ponto de partida para que eu começasse a ouvir com mais atenção e a gostar do Muse, sobretudo de seus primeiros álbuns. Entre tantas músicas, “Plug In Baby” acabou se tornando uma das minhas favoritas. E o melhor disso é que a minha relação com a canção começou em um dia aparentemente comum, durante um jogo de banco imobiliário.
O ano exato foge à minha memória. Na minha cabeça, foi em 2016, mas pode ter sido em 2017. No entanto, o cenário e todo o momento permanecem vívidos. Enquanto eu perdia todo o meu dinheiro do jogo pagando hospedagens absurdas em hotéis da Avenida Morumbi, um álbum ao vivo do Muse preenchia o ambiente. Por algum motivo, foi nesse momento despretensioso que a Karen se lembrou do clipe de “Plug In Baby”. Eu nunca havia visto, e ela, como uma boa fã, parou tudo para me fazer assistir na TV ou celular. Mesmo após incontáveis visualizações, ela se mostrava empolgada como se fosse a primeira vez, mostrando detalhes e compartilhando opiniões que apenas uma pessoa que viu aquilo por umas cinquenta mil vezes seria capaz de dizer. Por mais que eu já soubesse, foi ali que eu realmente entendi a magnitude da banda em sua vida.
É curioso como essa memória de um momento singular persiste. Eu posso não lembrar do ano em que aconteceu ou onde o clipe foi visto, mas aqueles quase quatro minutos se tornaram algo gravado de forma fiel em minha memória. Até hoje, toda vez em que ouço a música, este momento me vem à cabeça. É um momento aparentemente trivial, mas ganhou importância por ser, na minha cabeça, a nossa única lembrança como casal associada a sua banda favorita. Ainda que a banda tenha vindo algumas vezes ao Brasil depois daquele réveillon, nunca vimos um show juntos. No entanto, consigo imaginar como ver Matt, Dom e Chris no palco sempre será uma verdadeira catarse para ela, independente da época.
A vida é algo imprevisível, então quem sabe um dia eu possa presenciar este momento, testemunhando a euforia que deve se desenhar em seu rosto enquanto assiste a sua banda favorita.
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