Era janeiro de 2010 quando o Audiograma se tornou uma realidade, impulsionado por um desejo intrínseco de explorar o universo da música e satisfazer uma ânsia pessoal de compartilhar algumas das minhas paixões com outras pessoas.
Desde então, posso dizer que a sua jornada foi repleta de momentos marcantes. Cobrimos shows fora do Brasil, recebemos credenciais para testemunhar eventos importantes por aqui, mergulhamos nos principais festivais do país e publicamos quase onze mil conteúdos, que vão de resenhas de álbuns a notícias que se encaixam no bom e velho modelo “hard news”, passando por coberturas de shows, listas, dicas, lançamentos, textos sobre novos artistas e análises aprofundadas sobre gêneros musicais, períodos ou movimentos culturais que ecoam na vida daqueles que colaboraram com estas páginas laranjas.
Ao longo do tempo, o Audiograma expandiu sua presença e evoluiu para algo significativo, não apenas para mim, mas também para cada um dos colaboradores que abraçaram essa visão. Alguns deles estão conosco desde os primeiros dias e, ao longo dessa jornada, pude conhecer pessoas que eu levarei comigo pelo resto da vida. Contudo, à medida que o tempo foi passando, aquele prazer inicial foi se transformando em uma obrigação, o que fez com esse projeto se tornasse não apenas um hobby, mas uma possível fonte de sustento. Quem não gostaria de trabalhar ou viver daquilo que gosta? Porém, por várias razões, esse caminho não se concretizou.
Quase quatorze anos depois, vários foram os fatores que me desconectaram aos poucos daquela paixão inicial. A minha perspectiva em relação ao mercado musical mudou, assim como a minha compreensão sobre consumo de música. Dessa forma, fui percebendo que as minhas convicções passaram a divergir do que seria necessário para o crescimento do site. Aliado a tudo isso, a necessidade de se pagar as contas e ser uma pessoa CLT acabou resultando em um afastamento quase que natural do projeto. O meu volume de contribuição diminuiu, assim como a minha vontade de estar envolvido no que era produzido, discutir o que está acontecendo, falar da nova polêmica ou ouvir o álbum mais comentado da semana.
O Audiograma concedeu-me inúmeras oportunidades pelas quais serei eternamente grato, mas a vida é composta por ciclos. Neste 2023 recém finalizado, muitos deles – alguns que pensei serem “eternos” – chegaram ao fim e o site é um deles, mesmo que isso ainda não seja uma decisão definitiva. Sabe aquele grupo pop que anuncia um hiato quando você menos espera, apesar dele já ter dado indícios nos últimos anos? É esse o caso.
Enquanto escrevo isso, só posso dizer que o futuro ainda é incerto. Talvez o projeto retorne em algum momento. Talvez eu faça aparições esporádicas para compartilhar pensamentos ou conteúdos isolados. Talvez eu apenas deixe tudo no ar como uma boa lembrança. No entanto, o momento pessoal pede que um ponto final seja colocado para que eu consiga entender o que vai ser do futuro e, principalmente, entender qual o real papel disso aqui. Por isso, a pausa.
Agradeço a cada um dos que passaram pelo Audiograma, contribuíram com conteúdos e fizeram esse nome ser ouvido por aí. Vocês acreditaram no projeto até mesmo quando eu deixei de acreditar e guardarei isso comigo para sempre. Agradeço também a cada um que acompanhou o que produzimos ao longo do tempo. Para quem imaginou que atingiria cinco pessoas por mês, chegar ao número de pessoas que conseguimos ao longo desse tempo foi algo realmente incrível.
No mais, um feliz 2024 a todos. A gente se esbarra em algum show. 😉