15) Todas as Bandeiras, do Maglore
Todas As Bandeiras é o quarto álbum da banda baiana Maglore. Um dos maiores expoentes do indie nacional, o grupo entregou aos fãs um trabalho alegre e colorido, com um som mais pop e dançante. As faixas são marcadas por letras sinceras que tratam dos mais variados assuntos, desde as ansiedades da vida até agradecimentos sinceros por todas as experiências vividas, passando claro, por corações partidos. De formação nova, após a saída do baixista Rodrigo Renato e a chegada de Lelo Brandão e Lucas Oliveira, a banda voltou a ser um quarteto e lançou o melhor disco de sua carreira – superando até mesmo o excelente III (2015) – e um dos melhores discos de 2017.
14) Galanga Livre, do Rincon Sapiência
Um disco forte e consciente. Um disco que fala com naturalidade sobre a realidade do negro na sociedade brasileira. É dessa forma que Rincon Sapiência entrega o seu disco de estreia, Galanga Livre. O nome do disco vem da lenda em torno de Chico-Rei, um rei do Congo que veio para o Brasil como escravo para trabalhar na extração de Ouro em Vila Rica, atual Ouro Preto. Sapiência traça um paralelo entre a história de Galanga e a atualidade dos negros brasileiros, sem perder o suingue que faz dele um dos grandes nomes do hip-hop nacional em 2017.
13) Lá Vem A Morte, do Boogarins
Um belo dia o Boogarins resolveu soltar um disco novo na internet, assim, “descompromissadamente”. Tipo “postei e saí correndo”, como quem não quer nada, sem querer querendo, jogaram o link pro álbum completo nas suas redes sociais. Lá Vem A Morte é o terceiro disco do grupo, que se firmou como uma das maiores bandas brasileiras dessa década, reconhecidos no exterior, aclamados pela crítica e com muita estrada e festivais internacionais na bagagem, apesar de só terem 5 anos de carreira. O disco, que foi gravado nos EUA, chegou de surpresa e arrebatou os fãs, apesar de trazer uma mudança no som. Com elementos eletrônicos, sintetizador e um som mais pop do que viajandão, as músicas ficaram mais rápidas e marcadas. É mais anos 2010 do que anos 1960, digamos, mas sem perder a psicodelia. Dinho manteve os vocais suaves e etéreos e as letras em Português, mas a comparação com Tame Impala, apesar de já clichê e batida, ainda é difícil de ignorar. Agora no fim do ano, o Lá Vem A Morte ganhou uma tiragem especial em vinil transparente pelo Noize Record Club. Chique.
12) Dua Lipa, da Dua Lipa
Durante dois anos, Dua Lipa trabalhou em seu álbum de estreia e o resultado não poderia ser melhor. É claro que, exceto quem vive em Marte, todos nós sabemos as regras de “New Rules” até de trás pra frente, mas ao ouvir o álbum como um todo, Dua entrega vários hits em potencial. O debut foi feito para unir todos aqueles fãs de pop que estavam cansados de fingir uma satisfação com suas divas que estão trabalhadas na era alternativa e poder soltar a voz e dançar com refrões marcantes, auto afirmativos e pra cima.
11) Ctrl, da SZA
Ctrl é o disco de estreia da norte-americana Solána Imani Rowe ou, simplesmente, SZA. O disco é calcado nas experiências pessoais da cantora, que se tornou rapidamente em um dos grandes nomes da TDE, selo de Kendrick Lamar. O rapper inclusive participa de uma das catorze faixas do disco, “Doves In The Wind”. No entanto, os grandes destaques do disco ficam para a voz de SZA, para as composições fortes e para as faixas “Prom”, “Normal Girl” e “Drew Barrymore”.
10) Villains, do Queens Of The Stone Age
Depois de cinco anos sem lançar disco, o QOTSA voltou com um álbum produzido por ninguém menos que Mark Ronson, responsável pelo mega hit “Uptown Funk”, com o Bruno Mars, além de trabalhos muito mais comerciais e populares do que o stoner rock do deserto, como Adele e Lady Gaga. A escolha de um produtor aparentemente distante do universo roqueiro intrigou os fãs, mas o álbum não decepciona. Tem sim uma pegada mais pop, mas conserva a identidade e a essência tão particulares da banda. O primeiro single, “The Way You Used to Do”, é uma carta aberta de amor à esposa Brody Dalle, (ex vocalista da banda punk Distillers) e é um rock chiclete grudento delicioso e dançante, com uma pegada Elvis, que já cansou de tocar no rádio. Mas quem disse que sucesso é ruim? Quanto mais tocar QOTSA por aí, melhor, apesar de o Josh Homme ter sido um absoluto babaca ao chutar uma fotógrafa na cara em um show da banda em Los Angeles. Não é de hoje que ele faz coisas estúpidas nos palcos, como agredir fãs e jogar garrafas de vidro na plateia, mas mesmo com um bom pedido de desculpas ficou difícil se redimir depois desse ataque gratuito. Melhore, Joshinho. A gente espera muito mais de você.
09) Is This the Life We Really Want?, do Roger Waters
Is this the Life we Really Want? colocou ponto final em décadas de espera por um trabalho de inéditas de Roger Waters e, sinceramente, saiu melhor do que a encomenda. É um disco forte, com letras afiadas sobre a humanidade nos dias atuais e que mostra o ex-Pink Floyd provavelmente em sua melhor forma e pronto para mostrar através de sua arte aquilo que todos nós precisamos enxergar no mundo. É um álbum político. É um álbum forte. É um álbum sensacional.
08) Caravanas, do Chico Buarque
38° álbum de estúdio do compositor carioca, Caravanas marca o retorno de Chico Buarque ao cenário musical, seis anos após o lançamento de seu álbum homônimo. As faixas do disco – 7 inéditas e 2 duas releituras de canções próprias – são curtas e se apresentam em variados ritmos. Letras viscerais e românticas são muito bem acompanhadas pelos arranjos do Maestro Luiz Cláudio Ramos, parceiro antigo de Chico. Além das polêmicas “Tua Cantiga” e “Blues pra Bia”, as faixas “Massarandupió” e “Desaforos” também chamam atenção por seu arranjo e letra, respectivamente. “As Caravanas” – eleita canção do ano pelo superjuri do prêmio Multishow – encerra o disco. A letra forte acompanhada por um beat box ‘pancadão’, coloca a canção entre os grandes clássicos do compositor carioca. Caravanas é uma pequena obra prima.
07) Espiral de Ilusão, do Criolo
É impossível limitar um artista como Criolo. Desde Ainda é Cedo (2006), o rapper vem impressionando pela sensibilidade única ao tocar em feridas abertas na sociedade. Lirismo, revolta e resistência sempre foram elementos de destaque na sonoridade do compositor paulistano, que nunca teve receio de se embrenhar por caminhos além do hip hop. Em Espiral de Ilusão, Criolo faz uma ode ao Samba e reverencia o ritmo brasileiro com grande propriedade.
06) Spirit, do Depeche Mode
O trio inglês Depeche Mode mostra que mantém a boa forma e apresenta o álbum Spirit em momento oportuno. Logo na música que abre o álbum, “Going Backwards”, há afirmação de que nós, como seres humanos, não evoluímos. O primeiro single, “Where’s The Revolution”, também mostra que nasceu para se tornar mais um clássico da banda. Combinando sentimentos, política e pegada mais anos 1980, a banda concebeu um álbum que me lembra outro grande trabalho, Ultra, de 1997. Porém, Spirit mostra um Depeche Mode mais maduro e sensato. Talvez isso seja um reflexo do conhecimento adquirido musicalmente ao longo dos anos, mas o que importa é que o resultado é um álbum consistente e inesquecível.
05) Harry Styles, do Harry Styles
Em 7 anos, Harry Styles pacientemente juntou experiência, se inspirou em grandes nomes, e conseguiu organizar o que seria a sua identidade musical na hora certa. O resultado de tudo isso é um trabalho coeso e diferente do que temos no cenário musical. E ele merece todos os parabéns por isso.
04) Flower Boy, do Tyler, the Creator
Com uma lista extensa de colaboradores, Flower Boy é talvez o trabalho mais coeso e cativante lançado por Tyler, The Creator em sua carreira solo. O californiano mescla a sonoridade criativa e bem humorada de sempre com letras que levam cada vez mais para um universo pessoal e, muitas vezes, complexo. Ainda que possa parecer mais leve, o álbum bate forte, mostra toda a evolução de Tyler e arrebata da mesma forma que o amigo – e parceiro de Odd Future – Frank Ocean já se mostrou capaz de fazer. Ouvir o Flower Boy é um deleite, para a nossa sorte.
03) DAMN., do Kendrick Lamar
Kendrick Lamar já era o maior rapper do mundo no lançamento de seu álbum anterior, o aclamado To Pimp a Butterfly. Mas em DAMN, seu quarto disco lançado pela Top Dawg Entertainment, vemos mais do que o ativismo ou o retrato das ruas que Lamar nos mostrou em seus outros trabalhos. Vemos o homem Kendrick lutando contra seus demônios internos, encontrando seu caminho por meio da história de sua família e do amor. Além de atual maior rapper do mundo, com DAMN Kendrick se consolida como um dos maiores artistas em atividade no século 21.
02) Melodrama, da Lorde
Desde o primeiro single deste trabalho, “Green Light”, Lorde surpreendeu com uma música animada e menos dramática como as que costumava trabalhar em seu álbum anterior. E, agora, com o lançamento de Melodrama, não se deixe enganar pelo nome do novo de inéditas da cantora. O álbum traz a excêntrica Lorde com algumas faixas mais alto astral e com certeza é um dos melhores do ano. Não se surpreenda se o Metacritic colocar as notas lá nas alturas.
01) 4:44, de Jay-Z
Desde 2016 todo mundo estava esperando a resposta do Jay-Z às alegações de infidelidade explícitas no celebrado Lemonade de sua mulher, Beyoncé. Mas no lugar de nos entregar apenas a sua versão dos fatos, Jay-Z usou a maturidade a seu favor e criou mais uma obra-prima do rap – a uma altura da carreira em que muitos diziam que o rapper do Brooklyn já estava fora de forma. Com a produção cuidadosa de um dos seus maiores parceiros, No I.D., Jay-Z deu a mão para que a mãe, Gloria Carter, saísse do armário como lésbica, pediu desculpas à Beyoncé, terminou sua amizade com Kanye West… e muito mais do que isso, nos levou por uma jornada de auto-aceitação, família e principalmente, amor.
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