O retorno do Oasis ficou ainda mais gostoso de ser comentado agora que nossas páginas laranjas estão de volta prometendo muita recomendações de músicas boas. Após 16 anos desde o “fim da banda”, os irmãos Gallagher fizeram as pazes para uma turnê de 41 apresentações ao redor do mundo, cujo encerramento foi justamente com uma dobradinha no Brasil, no final de semana dos dias 22 e 23 de novembro.
O Audiograma representou e bateu ponto no último ato da turnê e vamos compartilhar algumas impressões sobre o maior evento musical da década e um dos reencontros mais aguardados da história do rock. Os shows aconteceram em São Paulo, no estádio Morumbi, atualmente conhecido por um outro nome de uma empresa que não pagou os royalties para ser mencionada aqui.
A abertura ficou com Richard Ashcroft, vocalista do The Verve, que agradeceu muito todo o carinho do público, cometeu uma gafe chamando a capital paulista de Santiago, e mandou ver com um repertório ligeiro, mas o suficiente para emocionar aqueles que tanto aguardavam pela oportunidade de ouvir “The Drugs Don’t Work”, “Lucky Man”, “Sonnet” e “Bitter Sweet Symphony”. Detalhe curioso: Ashcroft veio ao Brasil pela primeira vez em 2025 em DUAS turnês/momentos distintos. No final de junho ele também tocou em São Paulo.
Vídeo: Reprodução/Instagram @richardashcroftofficial
A volta do Oasis ao Brasil
O repertório não trouxe nenhuma surpresa ou mudança em relação ao que foi apresentado na turnê. Extremamente protocolar, o setlist ficou concentrado nos discos (What’s the Story) Morning Glory?, Definitely Maybe e The Masterplan — ou seja, a época realmente boa dos ingleses. Com 23 canções, sendo 13 delas muito conhecidas, o show foi equilibrado entre os momentos de agradar o povão e os fãs.
“Hello” foi a escolhida para abrir os shows. Uma escolha maravilhosa para fazer jus aos versos “is good to be back”. Na sequência colocaram o público para cantar com “Acquiesce”, outra faixa emblemática e que fala muito do momento dos irmãos. O restante do show seguiu com uma mescla equilibrada entre singles e lado B populares. Uma decisão acertada. Especialmente no sábado, ficou uma impressão geral de público apático e preocupado demais em exibir o look nas redes sociais. Se fosse um repertório mais alternativo, essas pessoas teriam ficado chateadas.
Aliás, vale refletir. O reencontro do Oasis não foi apenas um evento musical. A pista era uma passarela para exibição do merchandising milionário da turnê. Acredito que ao longo desses mais de 20 anos viajando para shows, nunca vi tanta gente com camisas da banda. É como se fosse uma grande decisão do seu time de futebol favorito, com todo mundo unido dentro da mesma tribo e não existisse nada mais relevante para ser exibido nas redes sociais. Arrisco dizer que esse foi o maior golaço da turnê.

Fosse pelo vento excessivo ou um problema técnico, além dos fãs de ocasião, sábado teve questões técnicas deixando o volume oscilando entre o alto e o muito alto. Não sei você, mas eu prefiro muito alto sempre. Liam usava as raras interações para reclamar de alguma coisa, mas nem mesmo o usuário mais ativo no Duolingo entendeu o que ele falou.
Destaque para o set de Noel (sem Liam no palco), a linda “Talk Tonight” e os melhores versos do Oasis em “Little by Little”. “Slide Away”, tema de uma edição especial da coluna Essa Me Lembra Você, também apareceu no repertório e, dias depois, vi um vídeo famoso de 2009 com Liam puto deixando o irmão cantar a música toda sozinho. Engraçado como o clima entre eles mudou. Amadurecimento que chama? Inclusive, Liam parece viver o auge da sua técnica. A raiva é direcionada e mais ajuda do que atrapalha, ao contrário dos velhos tempos. “Rock n’Roll Star” é um exemplo perfeito para ilustrar essa evolução.
As últimas músicas ficaram para a sequência “Don’t Look Back in Anger”, “Wonderwall” e “Champagne Supernova”, um combo capaz de convencer até mesmo os mais céticos de que o Oasis finalmente se tornou aos olhos do mundo o que sempre foram na mente e ego dos Gallagher. Duas noites inesquecíveis com a esperança de acreditar que o rock ainda vive. Dentro do saudosismo dos reencontros, mas ainda está lá.

Quer resenhas mais específicas?! Os amigos do Música Viajante entregaram resenhas focadas nos shows de sábado e domingo.

