No fim de fevereiro, o mundo da música foi surpreendido com a aparição de Duffy.
A cantora e compositora ganhou o mundo graças ao hit “Mercy” e, quando todos esperavam por novos trabalhos, a britânica acabou se afastando por quase uma década sem nenhum motivo aparente.
Eis que, ao reaparecer nas redes sociais, Duffy revelou o real motivo que lhe fez interromper a carreira: a cantora foi drogada, estuprada e mantida em cativeiro. Todo o trauma decorrente do período fez com que a britânica ficasse longe de qualquer aparição até então.
Agora, através de seu site oficial, a artista resolveu publicar uma carta na qual descreve a experiência pela qual passou. De acordo com ela, o objetivo é fazer com que as suas palavras “sirvam como uma distração momentânea ou talvez até algum conforto para que alguém possa sair da escuridão”. Apesar disso, o texto é forte e bastante perturbador, não sendo recomendado para pessoas que já passaram pela situação, já que ele pode ativar diversos gatilhos.
“Era meu aniversário, fui drogada em um restaurante, fui drogada então por quatro semanas e viajei para um país estrangeiro. Não me lembro de entrar no avião e voltei na traseira de um veículo em movimento. Fui colocada em um quarto de hotel e o criminoso voltou e me estuprou”, revelou. “Lembro-me da dor e tentei ficar consciente na sala depois que aconteceu. Fiquei presa com ele por mais um dia, ele não olhou para mim, eu estava andando atrás dele, estava um pouco consciente e retraída. Eu poderia ter sido eliminada por ele. Eu pensei em fugir para a cidade vizinha, enquanto ele dormia, mas não tinha dinheiro e eu tinha medo que ele chamasse a polícia por mim, por fugir, e talvez eles me localizassem como uma pessoa desaparecida”.
No relato, Duffy revela que, após o período em outro país, foi levada de volta para a sua casa por seu sequestrador e continuou a ser drogada. “O agressor me drogou em minha própria casa nas quatro semanas, não sei se ele me estuprou lá durante esse período, só me lembro de dar uma volta no carro num país estrangeiro e a fuga que aconteceria quando eu fugisse no local dias depois disso. Não sei por que não fui drogada no exterior; isso me leva a pensar que recebi um medicamento de classe A e ele não podia viajar com isso”.
A cantora afirmou que não se sentia segura para ir a polícia, mas que acabou revelando todo o caso por duas vezes. “Depois disso, não parecia seguro ir à polícia. Senti que, se algo desse errado, eu estaria morta e ele teria me matado. Eu não poderia correr o risco de ser maltratada ou de ser notícia durante todo o meu perigo”, revelou. “Eu disse à duas policiais, durante diferentes incidentes ameaçadores na última década, isso está registrado (…) Uma vez que alguém ameaçou contar minha história e eu tive que contar para uma policial que informações a pessoa tinha sobre mim e por que a chantagem era tão assustadora. O segundo incidente foi quando três homens tentaram entrar em minha casa como intrusos, contei à segunda oficial sobre o estupro também. A identidade do estuprador deve ser tratada apenas pela polícia, e isso é entre mim e eles”, completou.
Ao longo da carta, Duffy fala também sobre o período após o terrível caso, a sua relação com familiares e amigos, a busca por superação do trauma e até as relações amorosas que ela teve na última década e que, segundo ela, foram como uma “bomba explosiva”. “Estou compartilhando isso porque estamos vivendo em um mundo dolorido e não tenho mais vergonha de que algo me machuque mais. Acredito que se você falar do coração dentro de você, o coração dentro dos outros responderá. Por mais sombria que seja minha história, falo de coração, pela minha vida e pela vida de outras pessoas que sofreram o mesmo (…) O estupro é como um assassinato vivo, você está vivo, mas morto. Tudo o que posso dizer é que demorou um tempo extremamente longo, às vezes parecendo nunca terminar, para recuperar os pedaços despedaçados de mim”.
Para Duffy, a carta é uma forma encontrada por ela para se libertar de alguma forma da sua última década e tentar seguir em frente. A cantora afirma que não fará mais nenhuma declaração sobre o assunto e que, pelo menos por enquanto, seguirá quieta enquanto tenta descobrir o que o futuro lhe reserva. “Agora posso deixar esta década para trás. Onde o passado pertence”.
Ao longo da carreira, Duffy lançou dois álbuns. Rockferry (2008) e Endlessly (2010). Além disso, a cantora atuou nos filmes Patagônia (2010) e Legend (2015), onde interpretou a cantora Timi Yuro.