Começou no dia 16 de junho o festival internacional de documentários musicais In Edit, que acontece de forma totalmente online por conta da pandemia de Covid-19 e traz em sua programação mais de 50 filmes nacionais e estrangeiros até então inéditos no circuito comercial. E a melhor parte é que os filmes podem ser vistos gratuitamente ou a um módico precinho de apenas R$ 3,00 (mais barato que uma passagem de ônibus na cidade de São Paulo!). O festival vale para todo o Brasil e vai até o dia 27 de junho.
Essa é a 13ª edição do In Edit, que é realizado no Brasil desde 2009, mas começou em Barcelona em 2003. Atualmente, o festival é realizado em vários países, incluindo, além de Brasil e Espanha, Holanda, Grécia e Chile. A programação de 2021 tem muita coisa legal, principalmente no que diz respeito a dar espaço para as mulheres na música.
A primeira mulher negra no punk inglês
Entre os destaques, vale a pena conferir o documentário “Poly Styrene: I Am a Cliché”, que conta a história de Marianne Joan Elliott-Said. Conhecida como Poly Styrene, a cantora foi a primeira mulher negra a liderar uma banda de rock de sucesso no Reino Unido: o grupo X-Ray Spex, nos anos de 1970. Ela se tornou um ícone punk e influenciou os movimentos Riot Grrrl e Afropunk. Poly faleceu em 2011. No filme, sua filha revela aspectos poucos conhecidos de sua vida. Olha só o trailer oficial:
Música eletrônica: invenção feminina
Outro documentário interessantíssimo da programação é o “Sisters with Transistors”, que mostra a forte presença feminina na música eletroacústica desde a sua criação, nas primeiras décadas do século XX. O filme traz artistas que se destacaram e trilharam novos caminhos criativos e sonoros, sendo pioneiras na cena em diferentes momentos da história, como Bebe Barron, Pauline Oliveros, Maryanne Amacher, Eliane Radigue, Delia Derbyshire, Daphne Oram, Laurie Spiegel e Suzanne Ciani.
Mulheres no punk brasileiro
Entre os filmes que retratam artistas brasileiros, há dois documentários na programação do In Edit 2021 que coincidentemente também focam em bandas punks com mulheres: um é “Gritando!”, a história do Gritando HC, banda formada em 1994 que sobreviveu à morte de seu fundador, Donald, e que conta com a Lê (Elaine) nos vocais, estando na ativa até hoje (e já chegando perto dos 30 anos de carreira!).
O outro é “Anti-corpos – Pieces Of A Queer Tour”, que conta como a banda Anti-corpos volta de Berlim para fazer uma excursão pelo Brasil com o objetivo de se posicionar politicamente contra o levante reacionário depois da última eleição presidencial. O grupo é punk e feminista, sendo formado apenas por mulheres, e defende causas LGBTQIA+.
A história injustiçada da banda Fanny
Nos começo dos anos 70, uma banda de rock formada apenas por mulheres tinha tudo para estourar. Antes das Runaways, da Joan Jett, do punk rock, do Blondie e tudo mais, um quarteto de garotas da Califórnia que tocavam super bem seus instrumentos e faziam música autoral começou a chamar a atenção: era a banda Fanny.
Fundado pelas irmãs filipinas Jean e June Millington, que se mudaram para os EUA com os pais, o grupo compunha, tocava e produzia suas próprias canções, lançadas por uma gravadora independente. Elas chamaram a atenção do David Bowie, que quis apadrinhá-las, e chegaram a aparecer na TV. Por que então caíram no esquecimento? É justamente isso que o documentário “Fanny: The Right to Rock” quer revelar. E, sem dar spoiler, adianto: altas tretas, preconceitos e injustiças marcam essa história, mostrando o lado podre da indústria musical.
Mais de 50 documentários sobre música
O In Edit ainda tem muita coisa legal para assistir. Vale conferir a programação completa no site do festival, que conta com documentários sobre artistas e bandas como Secos & Molhados, The Go-go’s, Alzira Espíndola, Made In Brazil, Suzi Quatro, Yamandu Costa, Zeca Baleiro, IDLES, Jair Rodrigues, Shane MacGowan (The Pogues), SpeedfreakS, Shannon Hoon (Blind Melon), João Bosco e Aldir Blanc, Phil Lynott (Thin Lizzy), Moby, entre muitos outros.
Serviço: IN EDIT – Festival Internacional do Documentário Musical
Quando: De 16 a 27 de junho
Onde: Online, disponível em todo o território brasileiro
Preço: Gratuito ou até R$ 3,00