Anitta passou por Belo Horizonte no último dia 06 de dezembro para apresentar o seu “Show das Poderosinhas e, apesar da temática infantil, o Audiograma bateu ponto no Chevrolet Hall para conferir tudo isso de perto. Além do texto do Tullio Dias, você pode ver neste post uma resenha feita pela Mariana Alvarenga.
*Texto por Tullio Dias
Em 2015 quis expandir meus horizontes musicais e me aventurar por territórios até então desconhecidos. Como um autêntico explorador sonoro, decidi quebrar barreiras antes impensáveis para (tentar) romper preconceitos (ou reafirmá-los com propriedade). Foi assim em agosto, quando fui convidado para fazer uma cobertura especial da apresentação do Raça Negra e agora, no último dia 06 de dezembro, quando fui enviado para falar sobre o tal show das poderosinhas da Anitta.
Jesus.
O Chevrolett Hall estava com um público considerável. Maioria das pessoas estava acompanhada de sobrinhos ou filhos, mas os fãs adolescentes/adultos da cantora se divertiam dançando na arquibancada e na pista. Era um show a parte, para ser sincero. Esse pessoal se joga loucamente e nem precisam beber para isso. Já eu precisei de algumas cervejas para conseguir começar a apreciação do show.
Todo mundo está cansado de saber dos problemas de acústica da principal casa de shows de Belo Horizonte, certo? Fica pior quando se trata de uma apresentação de pop enlatado em que apenas a voz é destacada. Dava para ouvir apenas o baterista, muito bom, por sinal, mas os outros instrumentistas estavam 100% apagados por baixo de toda a programação eletrônica de samplers e efeitos. Triste que a nossa Britney Spears opte por esse tipo de pegada ao vivo, enquanto artistas internacionais, como Justin Timberlake, não apenas trabalham com músicos afiados como permitem espaço para que cada instrumentista seja ouvido e transforme a experiência ao vivo melhor do que a do CD.
Ao contrário do que a nossa amiga Mariana Alvarenga escreveu abaixo, eu não tive 100% de diversão nessa matinê musical. Confesso que esperava uma coisa diferente e muito mais direcionada para o público infantil. Sei lá. Tipo um show da Xuxa no começo dos anos 1990. O que eu vi no palco era uma versão 30% mais comportada da mesma Anitta que seduz seu irmão, sua irmã, seu tio, seu cachorro, sua mãe e até o seu avô, se der mole. Sei que os tempos são outros, mas é difícil entender como é que a exposição do corpo possa ser tão forte para um público que mal saiu das fraldas. Uma coisa é estimular uma apresentação infantil através da dança e dos excelentes dançarinos de apoio, outra é usar o potencial sexual para chamar a atenção.
De que adianta ser tudo colorido, se as danças ainda são provocativas? Pra quê isso, se ainda existe pouco pano no corpo das dançarinas (nada contra, afinal sou um tiozão solteiro que fica boquiaberto quando descobre que elas são ainda melhores ao vivo do que na televisão) e isso obviamente molda e influencia o comportamento dos jovens? Anitta não apenas repete o seu repertório “oficial” com 30% mais do seu corpo tampado, como demonstra uma preguiça absurda no tom que usou para se comunicar com os fãs. Se ela é assim o tempo inteiro, poxa vida, ela está na profissão errada. Suas frases curtas deixaram a impressão que aquele show era para cumprir a agenda e não existia nenhum vestígio de prazer em alegrar as milhares de crianças que estavam lá aguardando ansiosamente para ver um ídolo de pertinho. O único momento em que formulou uma mensagem de mais de cinco palavras foi quando fez um discurso sem graça para dizer que as crianças precisam levar seus estudos à sério. Os papais e mamães presentes devem ter ficado felizes.
Talvez eu esteja velho demais para diferenciar a mensagem da Anitta do que deveria ser certo ou errado se tratando de crianças. Vai ver é isso. Os novos tempos permitem que uma pirralha de cinco, oito anos se insinue sensualmente (muitas vezes sem ter completa noção da maldade presente em cada passo) e eu estou aqui pagando de conservador. Ou com dor de cotovelo porque não consegui o telefone de nenhuma das dançarinas da Anitta.
De qualquer maneira, era um momento especial para muitas pessoas. Quando se fala de música ao vivo é muito fácil reconhecer no público quem ama e quem está lá apenas para aparecer ou ter algo legal para contar para os amigos. Cada um é livre para gostar do que quiser e amar isso da sua maneira, mas é realmente lamentável que uma artista não consiga ao menos fingir ser carismática para animar os fãs além da música. Repito muito essa tecla porque o trabalho nas mídias digitais oficiais da cantora são muito bem feitos e focam muito na pessoa Anitta. É um paradoxo muito grande acompanhá-la ao vivo e não ter nada da pessoa que tanta gente aprendeu a amar. Mas é melhor encerrar por aqui, já que sou um estranho no ninho e tudo que eu tiver para dizer será mero “BláBláBlá”.
*Texto por Mariana Alvarenga
No último domingo (06) a cantora Anitta subiu ao palco de um Chevrolet Hall lotado. A plateia não podia estar dominada por outro público que não crianças. Em um de seus últimos shows da turnê “Show das Poderosinhas”, totalmente voltado para o público infantil, a revelação do pop nacional fez todo mundo, até pais e mães, dançarem até o chão.
Com um cenário composto basicamente por um telão projetando imagens super coloridas, Anitta abriu a noite com o hit “Na Batida”, levando os fãs ao delírio. A noite seguiu com um pout-pourri de sucessos pop internacionais do momento, com direito a cover de Taylor Swift, Meghan Trainor e Ariana Grande. O set , repleto de hits, não desagradava ninguém. Ainda sobre as versões, Anitta não deixou ninguém parado com músicas da amiga, Ludmila. “Meiga e Abusada”, “Ritmo Perfeito”, “Deixa Ele Sofrer” e “Blábláblá” completaram o set. Sem faltar a gloriosa “Show das Poderosas”, que dá nome a turnê e tornou a cantora conhecida em todo país.
Ainda na noite, a deliciosa “Bang”, ápice do show, sucesso do momento e executada merecidamente 2 vezes. Figurinos simples, combinando com as cores do palco e um corpo de ballet que é um show a parte, garantiram o sucesso da noite. Os dançarinos arrasaram acompanhando Anitta em passos de funk durante uma sequencia instrumental quase no fim da apresentação.
Diva do rebolado e da voz, ainda falta um pouco de carisma à cantora. Os poucos momentos de interação com a plateia foram textos prontos. Quem já havia assistido a apresentação anteriormente, provavelmente sabia o discurso de cor. Com casa quase lotada, o público merecia um pouco mais de atenção. Após 1 hora e 20 minutos de muito bate cabelo, a cantora encerrou sua apresentação sob aplausos e pedidos de bis. Porém, as luzes se acenderam, e o mais um vai ficar pro show da turnê do disco novo: Bang.
Fotos: Polly Rodrigues (Veja mais fotos aqui)