No próximo dia 21, em Porto Alegre, nos momentos que antecederem a chegada do Foo Fighters ao palco, me lembrarei da voz do Bruce Buffer gritando o já lendário “It’s time”. Será o primeiro show da turnê sulamericana da banda, e a terceira visita ao país.
Em 2011, uma pessoa muito querida viajou para o exterior e teve a chance de assistir ao seu primeiro show do FF. Lembro do longo relato dela através de um e-mail e fiquei arrepiado com as coisas que ela dizia. Basicamente, essa minha amiga estava passando por uma fase complicada e se sentiu livre, exorcizada e em paz quando Dave Grohl puxou “Everlong” para encerrar o show no meio de um temporal. Você consegue imaginar a sensação? Ouvir a sua música favorita com o céu caindo em cima de sua cabeça e tudo que você sente é alívio? Essa minha amiga viveu um momento lindo e me fez sentir como se tivesse dividido isso com ela. Mal sabia que meses depois, era eu que realizaria o meu sonho.
Com o anúncio do Foo Fighters para a primeira edição do Lollapalooza Brasil, logo tratei de cumprir antigas promessas e fiz a primeira das três tatuagens que tenho relacionadas à banda. A vida é assim. Você tem que estar preparado para cumprir as coisas que promete. Precisa manter a sua palavra. Ela precisa durar para sempre para mostrar que valeu a pena, que você não se arrepende de nada. E assim ganhei um “FF” na nuca.
Confesso que a expectativa atrapalhou. A abertura com “All My Life” deixou minha namorada na época louca de alegria (ela reclamava do azar de ter ido no “único” show em que eles não tocaram essa música), mas me frustrou por garantir a ausência de “Bridge Burning” do repertório. Bem, quem foi que disse que nossos sonhos precisam ser realizados 100% da maneira como desejado? A graça está no inesperado. E foi assim que me senti diante a sequência “Stacked Actors”, “Walk”, “Generator”, “Monkey Wrench” e “Hey, Johnny Park”. Perdi a parte da chuva épica em “Everlong”, no entanto, mas ganhei a memória inesquecível de ter visto a minha banda favorita ao vivo.
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Três anos depois, aqui estamos novamente. Com ingressos garantidos para os quatro shows, iniciarei meu roteiro saindo de Belo Horizonte para Porto Alegre, na terça-feira, dia 20. Faltando menos de duas semanas, confesso não ter ideia de onde ficarei. Depois do fim dessa aventura, na qual estarei acompanhado de um amigo de Curitiba e outro do Rio, vai chegar a hora de refletir e rir da loucura que é abrir mão de trabalho, relacionamento, dinheiro, saúde e conforto apenas por causa de uma banda de rock. Não existe como se preparar psicologicamente para uma coisa dessas. Haja terapia!
Verdade seja dita, não se trata de querer ouvir o máximo de músicas. O Foo Fighters é metódico com suas apresentações de “três horas”. Costumam variar com uma ou outra faixa diferente entre os shows, mas não mudam a base, como o Pearl Jam faz, por exemplo. Só que não estamos agindo pelo lado racional da coisa. É como se apaixonar por uma garota má. Você sabe que ela irá pisar em você, que não deixará você ter sossego e paz, mas insiste em manter o relacionamento apenas por não ter necessidade de racionalizar e analisar tudo que te fez chegar até ali em primeiro lugar. Com voz ou sem voz, com “Bridge Burning” ou sem, serei um dos milhares de alucinados que estarão em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e/ou Belo Horizonte berrando cada verso durante o show.
Estou realmente contando as horas para esse primeiro show. Para ver Dave Grohl, Taylor Hawkins, Nate Mendel, Chris Shiflet e Pat Smear subirem ao palco para cumprimentarem os gaúchos, pegarem os instrumentos e garantirem a certeza de que, apesar de tudo, sempre vale a pena correr atrás do que se ama. Até esse momento chegar, vamos preparar um material bem especial e pensar nas possibilidades de registrar em vídeo toda a jornada pelo país. Bom show para nós todos!
“Can you hear me? Hear me screaming?”
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Saiba TUDO sobre as quatro datas do Foo Fighters no Brasil bem aqui: http://bit.ly/FFnoBrasil2015