Enfrentando o clima, Gil coloca as Máquinas de Ritmo para funcionar a todo vapor. Poucos minutos após as 21h – horário marcado para o início da apresentação –, as luzes do teatro se apagaram e uma voz grave fez-se ouvir anunciando o “Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmos” do (mestre) Gilberto Gil. As cortinas se elevam e aparece Gil, meio tímido, acompanhado pela Orquestra Sinfônica da Bahia (OSEBA), por Bem Gil (violão), Gustavo Di Dalva (percussão), Jaques Morelenbaum (violoncelo), Nicolas Krassik (violino) e Eduardo Manso (efeitos eletrônicos).
Gripado, devido ao clima de São Paulo, Gil teve que enfrentar em “Máquina de Ritmo” (Gilberto Gil) problemas em seu microfone. A canção foi quase toda instrumental. Resolvido o problema, Gil explica o conceito da apresentação: o Concerto de Cordas (as vocais dele, o violão de Bem, o violoncelo de Morelenbaum e o violino de Krassik) e as Máquinas de Ritmos (a percussão de Di Dalva e a pista eletrônica (sutil) de Manso). Pensando nisso, é possível ver que Gil, em dado momento, cria uma bela disputa entre as Cordas e as Máquinas, resultado na fantástica interpretação de “La Renaissance Africaine” (Gilberto Gil) – que eu cantei do começo ao fim – e a emocionante “Estrela”. Em contrapartida, em “Não Tenho Medo da Morte”, Gil canta a cappella sob um clima fúnebre, e um tanto quanto assustador.
Ao decorrer de 2 horas, o cantor desbrava sua ampla discografia – são mais de 500 canções -, deixando de lado canções mais populares – como “Refazenda”, “Refavela”, “O Rouxinol” e a tão solicitada “Drão” –, para dar espaço a uma inédita “Eu Descobri” e a uma canção de 1969 “Futurível”. Mas, a apresentação ainda tem canções de Dorival Caymmi (“Saudade da Bahia”), Tom Jobim (“Outra Vez”) e Luiz Gonzaga (“Juazeiro”), além de “Up From the Skies” de Jimi Hendrix. Uma canção em castelhano “Tres Palabras”, de Javier Solis, também esteve na set list, não se esquecendo das principais canções da carreira do mestre Gil: “Domingo no Parque” – uma das melhores da noite, com direito a um bis no final -, “Expresso 2222” e “Andar com Fé”, ambas cantado com o público.
A turnê “Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo” passou por 13 cidades europeias, voltou ao Brasil e se encerrou com essa apresentação em São Paulo. Um DVD foi gravado em 28 de maio desse ano, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, com a Orquestra Petrobras Sinfônica, porém, não se tem data prevista para lançamento do mesmo.
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Todas as fotos da apresentação foram, gentilmente, cedidas por Bia Araújo.