Capa de Accelerate, álbum do R.E.M.
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Review: R.E.M. – Accelerate

Ainda que acompanhe o R.E.M. desde os anos 90, a minha relação com a banda sofreu com os primeiros álbuns lançados nos anos 2000.

Por mais que o Up (1998) e o Reveal (2001) tenham lá os seus pontos positivos – “At My Most Beautiful” e “All the Way To Reno (You’re Gonna Be a Star)” são bons exemplos disso -, a impressão era de que a banda tinha ativado o seu piloto automático naqueles dez anos. A sensação se tornou ainda maior com o lançamento do Around The Sun (2004), aquele onde nove de cada dez fãs acreditam ser o pior trabalho de Michael Stipe e companhia.

Até por conta disso, era natural esperar por algo que fosse parecido com o trabalho anterior. Inclusive, a minha expectativa em torno do álbum não era a das mais positivas quando ele foi anunciado, no começo de 2008. Tentando puxar pela memória os pensamentos de treze anos atrás – e revisitando textos antigos e redes sociais – me lembro que esperava por algo que pudesse remeter aos velhos tempos do R.E.M., qualquer fosse o aspecto em questão.

Esse era o cenário no qual fui apresentado a boa “Supernatural Superserious”, primeiro single oficial de Accelerate e, como não poderia deixar de ser, bateu aquele misto de surpresa com curiosidade.

Um álbum simples e direto

Produzido pela banda ao lado de Jacknife Lee, o Accelerate leva o seu nome ao pé da letra: é um álbum mais acelerado e com um rock n roll simples e direto, se assim podemos dizer. Logo na abertura, com “Living Well Is The Best Revenge”, temos a guitarra de Peter Buck nos fazendo lembrar claramente de “It’s The End Of The World As We Know It (And I Feel Fine)”.

Pensando nos dez anos antes do então novo álbum, aquele parecia um passo ousado para o trio. Apesar disso, é fácil detectar o DNA do R.E.M. ao longo de suas faixas. Lá está a sonoridade energética de outrora, assim como a sua veia política, que dá as caras de forma bem direta em “Man-Sized Wreath”, faixa que aborda a forma como o governo Bush lidava com o movimento pelos direitos civis naquela época. Já em “Houston”, Stipe critica a passividade do governo estadunidense no auxílio à população por conta do furacão Katrina, em 2005. Tudo isso embalado por uma embalagem folk que, além de dialogar com o passado da banda, ainda funciona como um respiro no álbum.

O álbum ainda conta com uma sequência de boas baladas – “Until The Day Is Done”, “Mr. Richards” e “Sing For the Submarine” – antes de retomar a sua pegada inicial com “Horse to Water” e “I’m Gonna DJ”, faixas que fecham com certa maestria toda a proposta do Accelerate. Inclusive, em sua faixa título encontramos aquela que pode ser a maior analogia para a carreira da banda naquele momento. Ainda que não seja a ideia inicial, ouvir o Stipe cantar sobre não ter tempo para questionar as escolhas feitas e a necessidade de se encontrar uma nova direção diz muito sobre o que a banda vinha fazendo antes daquele que foi o seu décimo quarto e penúltimo álbum de estúdio.

Não é nenhum exagero dizer que o Accelerate é o trabalho mais interessante do R.E.M. após o New Adventures In Hi-Fi (1996) e a consequente saída do baterista Bill Berry.

Ainda que o derradeiro Collapse Into Now (2011) também tenha lá seu charme, o trabalho lançado lá em 2008 ainda me faz pensar que Buck, Stipe e Mike Mills conseguiram resgatar aquela formula mágica que fazia a banda ser amada: unir a ideia de entregar algo que os fãs não esperam com a vontade de deixar o tal do “hit radiofônico” de lado.

E, no fim, deu muito certo.

Capa de Accelerate, álbum do R.E.M.

R.E.M. – Accelerate

Lançamento: 31 de março de 2008
Gravadora: Warner
Gênero: Alternative Rock
Produção: Jacknife Lee e R.E.M.

Faixas:
01. Living Well Is the Best Revenge
02. Man-Sized Wreath
03. Supernatural Superserious
04. Hollow Man
05. Houston
06. Accelerate
07. Until the Day Is Done
08. Mr. Richards
09. Sing for the Submarine
10. Horse to Water
11. I’m Gonna DJ

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