Capa de Stop Drop And Roll, álbum do Foxboro Hot Tubs
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Review: Foxboro Hot Tubs – Stop Drop and Roll

Foi em uma terça-feira que, sem muito alarde, um sexteto chamado Foxboro Hot Tubs lançou aquele que seria o seu álbum de estreia.

O ano era 2008 e, naquela época, a gente ainda não tinha esse conceito de New Music Friday e seu dia oficial de lançamentos estabelecido entre gravadoras, artistas e veículos musicais. Era um mundo diferente do qual, hoje em dia, é até difícil lembrar. Apesar disso, aquele dia 22 de abril ficou marcado para os fãs de um trio extremamente famoso da música.

Quando o Stop Drop and Roll ganhou o mundo, a impressão era de que estava surgindo só mais uma banda em meio a várias aquelas que tentavam resgatar uma sonoridade antiga – neste caso, o rock dos anos 60.  Neste caso, a tal banda estadunidense tinha um pequeno detalhe bem importante: além de Jason White, Kevin Preston e Jason Freese, o projeto contava com o baterista Tré Cool, o baixista Mike Dirnt e o vocalista Billie Joe Armstrong, que adotou o pseudônimo Reverend Strychnine Twitch. Entendeu agora?

Ainda que o nome não fosse tão desconhecido – o Green Day já tinha usado a alcunha para realizar shows secretos em outros momentos da carreira, o álbum acabou surgindo de uma forma bem espontânea: o trio ainda colhia os frutos do aclamado American Idiot (2004) e estava no processo de gravação do 21st Century Breakdown (2009) quando, em meio a boas doses de vinho e jam sessions em estúdio, a ideia começou a ganhar forma. Inclusive, vale lembrar que White – que usava o nome Frosco Lee – e Freese já eram músicos de turnê do Green Day, então os seis já compartilhavam muitas coisas em comum, entre elas o amor pelo rock sessentista de garagem.

Uma máquina do tempo em forma de álbum

São doze músicas e pouco mais de trinta minutos de uma verdadeira viagem no tempo. Além de toda a semelhança com o Green Day, o Stop Drop and Roll vai, com o passar das músicas, entregando facilmente as suas referências: Tem muito de The Kinks em “Alligator”, um pouco de The Who na faixa-título, entre outras referências que você vai pescando em faixas como “The Pedestrian”, “Pieces Of Truth” ou “Ruby Room”, que nos remete ao clássico “Hitchin’ a Ride” do próprio Green Day.

Falando assim, é fácil resumir o álbum como uma aventura paralela de um trio que queria fugir dos holofotes e da obrigação de entregar uma nova “Boulevard of Broken Dreams” e, bom, tem muito disso mesmo, não dá pra negar. No entanto, o Foxboro Hot Tubs foi uma forma encontrada pelo Green Day para revisitar as suas origens. A combinação de riffs marcantes e letras assobiáveis fugia completamente do que a banda vinha entregando na época, com guitarras rápidas e letras políticas. Ao mesmo tempo, é um projeto que flerta com singles mais antigos da banda, como “Minority”, “Warning” ou “Waiting”. A prova disso é que qualquer desavisado se lembraria do trio ao ouvir “Mother Mary”. Pode testar com alguém que você conhece, inclusive.

Aqui vale uma lembrança especial: o álbum teve uma edição disponibilizada para download gratuito em dezembro de 2007. Nela, todas as músicas presentes contavam com samples de diversos filmes dos anos 60 e 70 como aberturas. Infelizmente, isso não aparece na edição final que foi para as lojas e está atualmente nos streamings. Outra ausência é a de “Highway 1”, faixa que foi liberada gratuitamente, mas acabou excluída da edição final do registro.

A versão com os samples deixava ainda mais fácil a percepção de que não foi apenas na sonoridade que o Stop Drop and Roll flertava com os anos 60 e 70. Inclusive, todo o trabalho gráfico tem aquelas décadas como ponto de partida. A divisão das faixas em dois lados – com direito a avisos nos CDs – e a capa que remete aos vinis da época são bons exemplos disso, assim como o clipe de sua faixa-título.

Se divertir faz bem…

Stop Drop and Roll é um álbum curto, simples, divertido e longe de qualquer pretensão. É algo que você tocaria com a sua banda na garagem só para se divertir, ainda que a maioria das pessoas prefira um quarto ou um estúdio nos dias atuais. Inclusive, pensando no caminho seguido pelo Green Day nos álbuns lançados na última década, o SDaR é um trabalho que o trio seria capaz de colocar em sua discografia se toda a história contada no começo do texto tivesse acontecido durante a pandemia.

Lembro de ler na época que o Foxboro Hot Tubs era o Green Day de férias, curtindo um dia com os amigos e sem qualquer preocupação com o trabalho. Ainda que o 21st Century Breakdown tenha entregado muito do que era esperado naquela época, fica claro que aquelas férias divertidas acabaram influenciando nos passos futuros do Green Day. A banda ainda se leva a sério, sabe fazer letras políticas e ser engajada quando quer, mas voltou a se divertir entre uma coisa e outra. E, se você parar para pensar, aquelas noites em estúdio regadas a vinho e riffs sessentistas foram importantes para isso.

Capa de Stop Drop And Roll, álbum do Foxboro Hot Tubs

Foxboro Hot Tubs – Stop Drop and Roll

Lançamento: 22 de abril de 2008
Gravadora: Jingle Town / Warner Music
Gênero: Garage Rock
Produção: Chris Dugan

Faixas:
Side A

01. Stop Drop and Roll
02. Mother Mary
03. Ruby Room
04. Red Tide
05. Broadway
06. She’s a Saint Not a Celebrity
Side B
01. Sally
02. Alligator
03. The Pedestrian
04. 27th Ave. Shuffle
05. Dark Side of Night
06. Pieces of Truth

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