Capa de For Me, It's You, álbum do Train
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Review: Train – For Me, It’s You

Esse texto tem uma missão ou talvez duas: te fazer voltar quinze anos no tempo e, quem sabe, me ajudar a entender o que diabos aconteceu com o Train.

O ano era 2006 e eu revirava blogs aleatórios em busca de coisas novas para ouvir. Ainda que eu gostasse das indicações vindas dos amigos, muitas das minhas descobertas naquela época vieram dessa prática que, na época, ainda era uma novidade. Foi em uma dessas buscas que me deparei com a capa de For Me, It’s You, o quarto álbum de estúdio da banda.

Pois bem. Ainda que o Train já tivesse tocado em rádio e feito um sucesso com seus trabalhos anteriores, eu nunca tinha dado qualquer atenção aos californianos capitaneados por Pat Monahan. Já conhecia singles como “Calling All Angels” e “Drops of Jupiter (Tell Me)”, mas o meu contato com elas foi em uma época na qual eu costumava me interessar muito mais por sonoridades opostas, caso do System Of A Down, por exemplo. Logo, ambas acabaram ficando de lado.

O tempo passou e, já mais aberto para novas coisas, decidi dar uma nova chance para as duas e, pouco tempo depois, já estava com o novo álbum no famigerado Winamp, pronto para ser ouvido.

E qual é a do álbum?

Lançado em janeiro de 2006, For Me, It’s You conta com a produção de Brendan O’Brien, com quem a banda já havia trabalhado no Drops Of Jupiter (2001) e no My Private Naion (2003).

Apesar do álbum desapontar em relação aos demais no número de vendagens, For Me, It’s You traz canções muito bem trabalhadas por Monahan (vocal), Jimmy Stafford (guitarra), Scott Underwood (bateria) e os recém integrados Brandon Bush (teclados) e Johnny Colt (baixo). Sim, o Johnny Colt que foi membro fundador do The Black Crowes e tocou na banda de 1989 a 1997.

Train, em 2006.
Train, em 2006. [Foto: Divulgação]

O vocal feito por Pat sempre foi algo meio “8 ou 80” pra mim. Ao mesmo tempo em que impressiona pela sua capacidade de extensão e o alcance em notas mais altas, ele consegue soar chato em alguns momentos. Isso já era perceptível desde o começo da banda e se tornou ainda mais evidente nos anos que se seguiram. No entanto, O’Brien consegue extrair o melhor dele aqui e, aliado a competência dos demais membros da banda, canções como “All I Ever Wanted”“Cab” e “Give Myself To You” são capazes de conquistar o ouvinte logo de cara.

A vibe country-pop de “Am I Reaching You Now” acaba funcionando como um respiro dentro do álbum, ainda que seja uma das músicas que ficam aquém no resultado final. “All I Hear” é outra canção que destoa, mas aqui a culpa é toda creditada ao seu refrão repetitivo.

No entanto, o tesouro do For Me, It’s You está escondido em suas canções finais. “Shelter Me” logo se tornou uma das minhas faixas favoritas do álbum, mesmo tendo uma construção que te dá a certeza que ela já foi ouvida antes e o seu backing vocal exagerado. “Explanation”, “Skyscraper” e a faixa que dá nome ao álbum também merecem destaque, assim como o cover de “If I Can’t Change Your Mind”, música lançada pelo Sugar em 1992.

Em suma, é um álbum cheio de altos e baixos. É capaz de agradar aos fãs da banda ou servir como porta de entrada para novos interessados. Ao mesmo tempo, os clichês que são entregues ao longo de suas músicas acabam contribuindo para que o álbum se perca até mesmo dentro da discografia do Train. Ainda que eu goste do resultado final e tenha sido o meu primeiro contato mais direto com a banda, não dá pra dizer que ele é melhor que o autointitulado de 1998 ou o Drops of Jupiter.

A última coisa relevante do Train

Ainda que tenha emplacado o maior hit de sua carreira anos depois com a esquecível “Hey, Soul Sister”, o Train seguiu por um caminho bem diferente do esperado. Isso se deve ao verdadeiro desmanche pelo qual a banda passou de 2006 para cá.

Da formação que gravou o For Me, It’s You – que já não era a mesma dos três álbuns anteriores, apenas o Pat Monahan faz parte do Train atualmente. A banda seguiu os desejos e vontades de seu vocalista e, tentando replicar “Hey, Soul Sister”, segue até hoje tentando repetir fórmulas de sucesso que, muitas vezes, não combinam em nada com o seu líder ou com os momentos interessantes vividos pela banda.

O certo é que For Me, It’s You, mesmo com as suas ressalvas, foi o último momento interessante do Train em sua carreira.

Capa de For Me, It's You, álbum do Train

Train – For Me, It’s You

Lançamento: 31 de janeiro de 2006
Gravadora: Columbia Records
Gênero: Pop Rock / Rock
Produção: Brendan O’Brien

Faixas:
01. All I Ever Wanted
02. Get Out
03. Cab
04. Give Myself to You
05. Am I Reaching You Now
06. If I Can’t Change Your Mind
07. All I Hear
08. Shelter Me
09. Explanation
10. Always Remember
11. I’m Not Waiting in Line
12. Skyscraper
13. For Me, It’s You
14. Coming Home (Hidden/Bonus Track)

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