O Royal Blood é mesmo impressionante. Para começar: como que pode um grupo de rock não ter guitarras? Que heresia! Pois eles foram lá e fizeram. Como pode uma banda estourar pelo mundo todo depois de apenas um ano de formação? Pois eles foram lá e fizeram. Como que pode uma dupla soar como uma mega banda gigante, tocar em estádios e festivais? Pois eles foram lá e fizeram. Como ressuscitar o rock inglês em um tempo em que só pop e hip hop reinam? Pois eles foram lá e fizeram.
Apadrinhados pelo baterista do Arctic Monkeys, Matt Helders, eles estouraram em 2014 depois de abrirem alguns shows da banda pela Europa. Eu estava em um deles, no Finsbury Park, quando morava em Londres. Era um dia quente de maio há 4 anos (que agora parecem uma eternidade) e fiquei embasbacada com o show. O Royal Blood ainda não era famoso nem na Inglaterra, na época, mas fizeram uma das melhores apresentações da noite e era difícil de acreditar que em cima do palco só tinham dois caras e nenhuma guitarra. Nunca me esqueci desse show. O que o Mike Kerr faz com o baixo é revolucionário e não tem como ignorar o grande talento dele como músico, além de excelente cantor. O baterista virtuoso Ben Thatcher não fica atrás. Odeio esse termo, mas as músicas eram uma forma de salvação do rock, nosso tão amado rocão, bate cabeça, enérgico e intenso. Pra pular e cantar junto a plenos pulmões. É, como já disse, uma banda realmente impressionante.
Corta para março de 2018 e tive a oportunidade de vê-los novamente, agora na minha cidade natal. O Royal Blood já tinha tocado no Brasil antes, mas só no Rio de Janeiro – foi um showzaço no Rock in Rio de 2015, que eu infelizmente perdi. Eles também tocaram no Maracanã em 2018 abrindo o show do Pearl Jam antes de virem para São Paulo fazer uma das Lolla Parties e, um dia depois do show solo, tocaram no Lollapalooza.
No Cine Joia, disseram que foi o melhor show que fizeram no Brasil, porque preferiam espaços em que ficassem perto dos fãs ao invés de festivais e arenas gigantes. Os ingleses esbanjaram simpatia e Mike conversou muito com a plateia, apesar de entrar no palco com uma bengala/muleta esquisita – mas que em nada atrapalhou sua performance. Ben, o baterista, não fala nada. Parece super tímido, mas demonstrou carinho pelo público durante toda a noite. Era notório o quanto os dois estavam felizes ali. Também, a recepção não poderia ser mais calorosa. A casa estava lotada, com ingressos esgotados; e todo mundo participou ativamente do show cantando todas as músicas, gritando, batendo palma e pulando muito. Era um público muito envolvido. O show foi exatamente um dia antes do meu aniversário e eu não poderia ter ganhado um presente melhor.
Confira o setlist completo do show: