Capa de Pretty. Odd., do Panic! At The Disco
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Review: Panic! At The Disco – Pretty. Odd.

Sabendo de tudo o que aconteceu com o Panic! At The Disco desde a sua fundação, fica até fácil entender o que o Pretty. Odd. significa na discografia da banda que, atualmente, conta apenas com Brendon Urie da sua formação original.

Lá em 2008, quando o álbum foi lançado, foi interessante analisar e absorver o direcionamento completamente diferente que a banda – que contava ainda com Ryan Ross, Jon Walker e Spencer Smith em sua formação – deu para a sua sonoridade.

E eu nem precisei ir muito longe para isso: revisitando um texto velho – e ruim – que publiquei em algum lugar naquela época, é legal notar o quão surpreso fiquei com o sucessor do A Fever You Can’t Sweat Out (2005) e, principalmente, como ele não parecia fazer sentido para mim, ainda que tudo aquilo se explicasse.

Não era novidade para ninguém que aquela sonoridade era algo presente na cabeça da banda – ou em parte dela, pelo menos. O guitarrista Ryan Ross sempre se declarou um apaixonado por Beatles ou Bob Dylan e, ao ouvir o segundo álbum do Panic! At The Disco – que na época chegou até a retirar a exclamação de seu nome; percebemos um mergulho claro nessas referências.

Panic! At The Disco na era Pretty. Odd.

Qual é do álbum?

Produzido por Rob Mathes, o Pretty. Odd. foi lançado em março de 2008 e o resultado foi logo visto como uma mudança brusca na carreira.

Ainda que a sonoridade fizesse parte do que os integrantes gostavam, ninguém esperava por algo nessa linha logo em seu segundo trabalho, principalmente quando o registro de estreia tinha sido um sucesso. Não sem motivo, o fato foi classificado anos depois pela Rolling Stone como uma das 25 mudanças mais ousadas do rock.

Logo em sua faixa de abertura/introdução, “We’re So Starving”, o quarteto deixa claro que aquilo é totalmente diferente do que era esperado. A sonoridade mudou, a aparência mudou mas, como dizia o próprio Brendon, “You don’t have to worry ‘cause we’re the still the same band” (Você não precisa se preocupar porque nós ainda somos a mesma banda).

Pretty. Odd. é um álbum com excelentes contrastes e que tem músicas para todos os gostos, evidenciando uma banda que parecia pronta para explorar novos caminhos. A grande referência acaba sendo os Beatles, principalmente por músicas como “I Have a Friends in Holy Spaces”, “Do You Know What I’m Seeing?” ou “Behind The Sea”, que ganha destaque pelo vocal de Ryan Ross.

Ao longo do álbum, encontramos ainda elementos de Dylan em “Folkin’ Around”, uma pegada country pop em “She Had The World”, baladas interessantes como “Northern Downpour” e músicas que parecem ter sido gravadas na década de 60, como “Pas De Cheval”. Para os amantes do álbum de estreia, pouco sobrou: os extensos e característicos nomes de algumas músicas ainda aparecem, representados por “From a Mountain in the Middle of The Cabins”. Na sonoridade, talvez a única música que se aproxime do trabalho anterior seja o single “Nine In The Afternoon”.

Apesar dos vários pontos positivos e, principalmente, de soar bem Beatles, o álbum não tinha a pegada comercial da época e isso se refletiu nos resultados. Ainda que “Nine in the Afternoon” tenha aparecido em charts ao redor do mundo, o desempenho foi abaixo do esperado pela imprensa e faixas como “Mad as Rabbits”, “That Green Gentleman (Things Have Changed)” e “Northern Downpour” estiveram muito distantes de repetir o sucesso de “I Write Sins Not Tragedies”.

Com o seu “pop rock psicodélico”, o Panic! At The Disco deixou claro a sua habilidade para criar melodias felizes, daquelas que servem como trilha sonora para um bom domingo de sol no parque. Eventualmente, o Pretty. Odd. acabou mostrando aquilo que o guitarrista Ryan Ross e o baixista Jon Walker gostariam de fazer na música. Algo que ficou claro pouco mais de um ano após o disco ser lançado, quando ambos deixam o grupo alegando “diferenças criativas” e anunciaram a criação do The Young Veins, uma banda de “rock retrô” que lançou apenas um álbum antes de acabar.

O Pretty. Odd. envelheceu bem

Gravado parte nos EUA e parte no icônico Abbey Road, o segundo trabalho do Panic! At The Disco ainda é capaz de dividir opiniões. Pouco lembrado pela atual formação da banda ou pelos fãs que amam “High Hopes”, Pretty. Odd. é um ponto totalmente fora da curva em uma carreira que teve diversas facetas.

Olhando para o passado e ouvindo o álbum treze anos depois, é impossível não destacar a qualidade daqueles envolvidos em sua produção. Ainda que o A Fever You Can’t Sweat Out tenha um lugar especial por aqui, o Pretty. Odd. é, de fato, aquele que eu mais ouvi até hoje.

Esse é um daqueles registros cujo tempo só lhe fez bem e, talvez um dia, os fãs da banda que torceram o nariz entendam a sua importância.

Capa de Pretty. Odd., do Panic! At The Disco

Panic! At The Disco – Pretty. Odd.

Lançamento: 21 de março de 2008
Gravadora: Decaydance / Fueled by Ramen
Gênero: Pop Rock / Rock Psicodélico / Pop Psicodélico / Folk Rock
Produção: Rob Mathes

Faixas:
01. We’re So Starving
02. Nine in the Afternoon
03. She’s a Handsome Woman
04. Do You Know What I’m Seeing?
05. That Green Gentleman (Things Have Changed)
06. I Have Friends in Holy Spaces
07. Northern Downpour
08. When the Day Met the Night
09. Pas de Cheval
10. The Piano Knows Something I Don’t Know
11. Behind the Sea
12. Folkin’ Around
13. She Had the World
14. From a Mountain in the Middle of the Cabins
15. Mad as Rabbits

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