Fui ter meu primeiro computador apenas em 2000. Daí não demorou muito para usar a rede para conhecer pessoas que compartilhavam dos mesmos gostos. No caso, fiz meus primeiros amigos virtuais num fórum de Harry Potter. Também tive meus primeiros relacionamentos. E não é surpresa nenhuma dizer que começaram caóticos. Mesmo.
Dois anos depois comecei a ter um lance mais sério com uma garota lá do nordeste. Entre idas e vindas, ela me enviou “Drive”, do Incubus, num dia qualquer. Já havia assistido ao clipe na MTV de madrugada, mas sem nunca registrar na cabeça qual banda que era e tal. Gostava, afinal de contas só pessoas de caráter duvidoso não gostam de Incubus. Ela disse apenas: “essa música me faz pensar em você.”
No caso, a minha namorada estava demonstrando o seu talento de interpretar as pessoas. Não é a toa que se formou em psicologia. “Drive” é nada mais que uma bela canção de autoajuda sobre uma pessoa medrosa e acomodada com as coisas que lhe chegam sem merecimento. “And i can’t help but ask myself how much i’ll let the fear take the wheel and steer” é muito sobre agir no piloto automático, sem aceitar que viver é bem diferente de apenas sobreviver e implica em tomar decisões você mesmo.
(Eu, claro, óbvio, evidente, apenas fiquei feliz de alguém dizer que lembrava de mim quando ouvia uma música tão bonita que durante anos era apenas uma “canção de amor” sobre alguém que estaria lá o tempo inteiro)
Minha nordestina linda de olhos verdes e pele branquinha não tinha como saber, mas ela foi a responsável por colocar uma de minhas bandas favoritas no meu radar. Isso em 2002, quando a banda já havia lançado o Morning View e “Wish You Were Here” aparecia diariamente na MTV. No ano seguinte, com a ajuda de um amigo que iniciava suas aventuras como instrumentista ao mesmo tempo que eu, me apaixonei perdidamente por tudo que o Incubus havia produzido até então. E tudo começou por causa de um romance a distância.
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