Os 100 melhores álbuns de 2020

Essa deve ter sido a missão mais difícil em um ano recheado de bons lançamentos.

   35) evermore, da Taylor Swift

Enquanto a gente ainda se acostumava com Taylor Swift no time do indie-folk, a cantora resolver nos dar mais motivos para adorar essa movimentação: de surpresa, lançou evermore, mais um trabalho carregado de referências pessoais enquanto Taylor discorre sobre a vida.

Repetindo as parcerias, Swift entrega mais um conjunto de belas canções e, salvo engano, até mais livre que o seu irmão mais velho. "Coney Island", parceria com o The National, entra para o seleto grupo das melhores músicas que Taylor lançou na vida.

Se é difícil prever os próximos passos da cantora, evermore nos deixa com a sensação clara de que Swift está feliz fazendo o que quer fazer e isso é o que vai guiar a sua carreira daqui para frente. E essa talvez seja a grande lição que ela quer nos passar. [JP]

34) græ, do Moses Sumney

O cantor-compositor Moses Sumney é um daqueles artistas impossíveis de encaixar em uma prateleira – isso é, uma definição – sonora, e a prova disso está em seu segundo disco de estúdio, grae.

Nele, Moses ultrapassa os caminhos do R&B, Soul e Pop, exibindo muito mais do que versatilidade, mas a insistência em não querer ser rotulado. O disco é potencialmente um dos mais criativos e encantadores lançados em 2020, uma obra em que Sumney discute masculinidade tóxica, sexualidade e outros tópicos importantes sempre fazendo questão de manter sua identidade artística. [RS]

33) Love Is the King, do Jeff Tweedy

Com a pandemia, Jeff Tweedy se reuniu com os filhos e trabalhou em um álbum solo enquanto uma turnê do Wilco não pode ser vista no horizonte.

O resultado é um álbum simples e que diz muito do músico: Love Is the King é um mergulho de Jeff em suas referências do Rock, Folk e Country e o resultado acerta em cheio no coração dos fãs. Faixas como "Gwendolyn" e "Bad Day Lately" mostram muito do cuidado que Jeff e os filhos - Sammy e Spencer - tiveram com os belos arranjos que compõem o álbum, se tornando pontos altos do registro.

Quando a pandemia passar, vamos nos recordar de algumas coisas que surgiram dentro desse contexto de isolamento e, certamente, Love Is The King será uma delas. [JP]

32) Letter To You, do Bruce Springsteen

Letter To You soa como um desabafo de alguém sobre questões importantes que o mundo insiste em não ouvir. Até por isso, esse desabafo ganha relevância quando dito por uma das vozes mais importantes de uma geração.

Lançado em outubro, o álbum é simples e direto: Bruce Springsteen joga para o mundo os seus pensamentos e frustrações acompanhados de uma melodia crua e, ao mesmo tempo, sofisticada. Algo que só poderia ser entregue pela combinação Bruce + E Street Band.

Cheio de pontos interessantes, a apoteótica "House of a Thousand Guitars" é a música que mais me chama a atenção e que, num mundo onde os shows retornem, tem tudo para ser um dos pontos altos de Springsteen nos palcos. [JP]

31) Welcome to Bobby's Motel, do Pottery

Após chamarem a atenção com um EP, os canadenses do Pottery resolveram lançar o seu primeiro álbum e, se a expectativa já era boa, o resultado conseguiu surpreender ainda mais.

Welcome to Bobby's Motel é um daqueles álbuns que você não sabe para onde vai, tamanha a variedade de estilos e influências. Tendo como ponto de partida uma mistura de pós-punk com art-rock, o resultado instantaneamente nos faz lembrar do Talking Heads. "Hot Like Jungle" e "Under the Wires" são dois bons destaques de um álbum redondinho. [JP]

30) It Is What It Is, do Thundercat

Por analogia, podemos dizer que o It Is What It Is é um álbum capaz de fazer com que você se sinta atropelado por um caminhão carregado de referências criativas, baixos marcantes e um jazz espacial, algo já característico na carreira do Thundercat.

O seu quarto registro de estúdio é mais uma amostra de toda a capacidade e talento que reside na mente de Stephen Bruner, ao entregar algo que te conquista de várias formas: não só pelos momentos divertidos, bem como pelo laço que te segura nos momentos mais sombrios. Afinal, como um cara faz parecer fácil criar (mais) um álbum com tantas camadas e diversidades? [JP]

29) Smile, da Katy Perry

Katy Perry decidiu trazer todas as suas angústias para o álbum mais irônico de sua carreira. Não é à toa que a capa do disco traz uma artista nada sorridente e um sorriso forçado somente na fonte do título do trabalho.

A sonoridade não é diferente do que a cantora sempre trouxe na sua discografia, exceto nas letras que encaixariam melhor em diversas baladas mas ganharam um match perfeito em sons dançantes. As faixas são viciantes e tenho certeza que "Cry About It Later" e "Tucked" vão garantir ao menos um repeat durante sua experiência ouvindo o disco. Já "Never Really Over" e "Harley's in Hawaii" dispensam comentários: são os melhores singles que Katy lançou desde a era Prism e só digo isso porque "Dark Horse" segue icônica e imbatível. [YC]

28) CeeLo Green Is Thomas Callaway, do CeeLo Green

CeeLo Green já fez de tudo um pouco na música. Hits, passeou por estilos, grandes parcerias… mas faltava dizer um pouco mais de si ou de suas raízes. É exatamente isso o que ele entrega em seu novo álbum, cujo título inclui o seu nome de batismo.

Com uma produção comandada por Dan Auerbach (The Black Keys), o álbum mergulha de cabeça no soul, jazz, gospel e R&B que moldaram a juventude de Thomas e o resultado é brilhante. De longe, o melhor registro de CeeLo desde os tempos de Gnarls Barkley. [JP]

27) Saint Cloud, da Waxahatchee

Em seu quinto álbum de estúdio, o projeto capitaneado pela estadunidense Katie Crutchfield entrega um trabalho que preza pela sua simplicidade para fazer estragos no seu coração.

Saint Cloud tem a seleção de faixas mais cruas e sinceras da Waxahatchee em toda a carreira, entregando um indie-rock de belas melodias enquanto fala sobre a vida, suas decisões, desconfortos e mudanças, traçando um paralelo com uma nova etapa na vida de Katie, que largou o álcool. Um dos grandes álbuns do ano. [JP]

26) Have You Lost Your Mind Yet?, do Fantastic Negrito

Não é exagero dizer que Fantastic Negrito é um dos nomes que mais sabe misturar hip-hop, R&B, funk, gospel, soul e rock em suas criações na atualidade.

Isso fica ainda mais claro em Have You Lost Your Mind Yet?, álbum que tem uma sonoridade divertida, cativante e que tenta criar um contraste com as letras sobre o nosso mundo caótico.

É pra dançar, cantar e admirar. Tudo junto e ao mesmo tempo. [JP]

25) In a Dream [EP], do Troye Sivan

O australiano Troye Sivan nos mostra novamente as dores do fim de um relacionamento e isso é bem nítido dentro do seu quarto compacto.

In a Dream é perfeito para mostrar um artista em ascensão e evolução. Um "postcard" com melancolia e house. Um EP para se dançar sobre a solidão até ela não existir, na medida certa de tudo. [HF]

24) Olorum, do Mateus Aleluia

Uma bela mistura de MPB, Samba e Afoxé dão o tom em Olorum, terceiro álbum solo de Mateus Aleluia. O cantor, compositor e músico baiano entrega um trabalho regido pela cultura africana, com arranjos refinados e um cuidado impressionante com as vozes.

Produzido por Ronaldo Evangelista, o álbum é um registro sensível das memórias e referências de Mateus, resultando em um dos grandes lançamentos do ano no Brasil. "Kawô Kabiyesilê", "Filho de Rei", "Samba-Oração" e a sua faixa-título provam isso. [JP]

23) Down in the Weeds Where the World Once Was, do Bright Eyes

Em um daqueles retornos pouco comentados mas bem marcantes, o Bright Eyes colocou ponto final em quase uma década de pausa com o seu novo álbum.

Down in the Weeds Where the World Once Was é resultado de um processo de evolução musical e amadurecimento pessoal. É um álbum construído em diversas camadas e cheio de nuances capazes de te prender pela estranheza, criatividade e, claro, pelas boas músicas.

"To Death's Heart" é um dos tesouros de 2020 e merece ser ouvida com atenção. [JP]

22) Shore, do Fleet Foxes

Existe discografia perfeita? No caso do Fleet Foxes, podemos dizer que sim, ainda mais com o lançamento de Shore, seu excelente quarto disco de estúdio.

O álbum veio para passar um pouco de positividade e esperança, com melodias e camadas sonoras menos densas e podendo ser considerado o registro mais "pop" do FF. Mesmo assim, a veia folk do projeto liderado por Robin Pecknold não foi deixada de lado. Aliás, falando nele, com Shore o multi-instrumentista se reafirma como um dos principais compositores de nossa geração; "Sunblind", homenagem aos seus heróis do passado, é um belo exemplo disso. Além disso, vale destacar a participação brasileira do disco: Tim Bernardes, que empresta seus vocais em "Going-to-the-Sun Road". [RS]

21) All Rise, do Gregory Porter

Alô você que gosta de um bom vinho ou cerveja acompanhado de uma noite com os amigos na sala de casa: esse álbum precisa da sua atenção.

Desde 2016 – quando fui apresentado ao incrível Take Me To The Alley – que gosto dessa mistura de jazz, soul, gospel e pop feita por Gregory Porter e é bom vê-lo voltar as composições originais após o Nat King Cole & Me (2017).

All Rise é tudo aquilo que eu poderia esperar: uma seleção de boas composições acompanhadas de uma sonoridade refinada e contemplativa. Portanto, na cena descrita acima ou em qualquer outro momento do dia, o álbum é uma boa pedida se a sua praia sonora é o jazz contemporâneo. [JP]