Os 100 melhores álbuns de 2020

Essa deve ter sido a missão mais difícil em um ano recheado de bons lançamentos.

   50) Women in Music Pt. III, do HAIM

O terceiro disco do trio californiano HAIM é definitivamente o melhor e mais interessante já lançado por elas. É notório a confiança e maturidade alcançada pelo grupo, que consegue explorar novas sonoridades de maneira bastante natural.

As composições são ótimas e sintetizam bem o momento vivido pela banda, abordando o fato de não sentir medo de se arriscar e não dar ouvidos a quem sempre quer pará-las, servindo como uma forte mensagem de empoderamento feminino.

Além disso, vale mencionar também o excelente trabalho de Rostam Batmanglij, Ariel Rechtshaid e Danielle Haim na produção. [RS]

49) Unfollow the Rules, do Rufus Wainwright

Ainda que as produções recentes de Rufus Wainwright sejam interessantes, a carreira do cantor e compositor fez uma viagem por diversos lugares nos últimos anos, algo que acabou me afastando das audições.

O nosso reencontro e a minha certeza de que Rufus é um dos nomes mais incríveis da música se dá agora em Unfollow the Rules, um álbum que resgata tudo aquilo que o músico nos entregou tempos atrás e com um requinte e refinamento conquistados nesta última década.

Arranjos luxuosos e letras talentosas se casam perfeitamente ao longo das doze faixas, resultando em algo que merece ser ouvido com toda a atenção. [JP]

48) Ultimate Success Today, do Protomartyr

Ao que tudo indica, o post-punk vai dominar o mundo novamente e o Protomartyr está na trincheira, pronto para mais uma batalha e que, talvez, possa ser a última. Em seu quinto álbum de estúdio, os estadunidenses entregam um registro ainda mais afiado e rico em sua sonoridade.

Mesclando ainda art-punk e noise-rock nesse caldeirão, Ultimate Success Today entrega letras quase poéticas que são entoadas magistralmente por Joe Casey. Em meio a especulações sobre o futuro – o vocalista revelou que o trabalho encerra um ciclo – da banda, os vários encerramentos que permeiam a nossa vida fazem parte do álbum e, quando se fala da banda, "Worm In Heaven" fecha o registro e soa como uma despedida do quarteto de Detroit.

"Tranquilizer", "Processed By The Boys" e "Michigan Hammers" são outros bons destaques de um álbum que vale a audição. [JP]

47) Love Goes, do Sam Smith

Após o cancelamento do álbum To Die For, Sam Smith decidiu voltar ao estúdio e recriar todo o seu trabalho. E que bom que ele fez isso.

Love Goes é um disco impecável que destaca tanto o talento vocal do cantor, quanto a diversidade musical que ele guarda em seu DNA. É um projeto que deixa todo mundo feliz. Desde aqueles que curtem músicas para se jogar, quanto aquelas para curtir a fossa. [YC]

46) Beginners, do Christian Lee Hutson

Beginners é o tipo de álbum que todo mundo deveria ouvir pelo menos uma vez na vida.

Com o seu folk-rock bem afiado, o estadunidense Christian Lee Hutson escancara as nossas fragilidades de uma forma sutil e, ao mesmo tempo, bem direta. Medos, ansiedades, erros, lembranças, desejos… tudo bem amarrado ao longo de dez faixas marcantes.

Um belo achado que já chega com um selo de aprovação concedido por nomes como Phoebe Bridgers e Conor Oberst. [JP]

45) Serpentine Prison, do Matt Berninger

Não dá para dizer que o debut solo de Matt Berninger é tão distante de tudo aquilo que o músico fez com o The National.

Ainda que algumas coisas aqui e ali o diferenciem, Serpentine Prison acaba criando uma falsa sensação de zona de conforto. "Silver Springs" - que tem a participação de Gail Ann Dorsey - talvez seja o ponto mais distante daquilo que nos acostumamos a ouvir do músico, mas o álbum cumpre a sua principal função: reafirmar as capacidades de Matt enquanto letrista e vocalista. E faz isso muito bem! [JP]

44) Oye Mujer, do LADAMA

Em seu segundo álbum, o quarteto LADAMA faz uma convocação expressa para que a sociedade se faça presente – e ativa – nas lutas sociais.

Abordando temas como machismo, xenofobia, racismo e homofobia, a banda formada por quatro mulheres de diferentes cantos das Américas – Mafer Bandola (voz/bandola llanera – Venezuela), Lara Klaus (voz/bateria e percussão – Brasil), Daniela Serna (voz/tambor alegre – Colômbia) e Sara Lucas (voz/guitarra – EUA) – entrega um verdadeiro caldeirão de estilos, sonoridades e línguas.

Unindo samba, cumbia, soul, R&B, pop e outros ritmos caribenhos, o álbum conta com produção de Kassin e o resultado é marcante. "Nobreza", "Misterio" e "Underground" são bons exemplos disso. [JP]

43) Shabrang, da Sevdaliza

Sevdaliza cria uma atmosfera interessante em Shabrang, seu segundo álbum de estúdio. Em mais de uma hora, a iraniana/holandesa te faz companhia em uma aventura que remete a uma reunião em estúdio envolvendo Grimes, FKA twigs, Arca e Chari XCX.

Assim como em ISON (2017), o resultado é uma bela mistura de sonoridades e estilos que fazem de Sevdaliza um dos nomes interessantes quando se fala em art pop.

Ouça com atenção "Joanna", "All Rivers at Once" e "Habibi". [JP]

42) B7, da Brandy

Uma das vozes mais incríveis do R&B, Brandy resolveu colocar ponto final em uma espera de oito anos e lançar o seu sétimo trabalho de estúdio.

B7 marca a volta da cantora estadunidense e ela faz isso em grande estilo: em quinze faixas, Brandy consegue mesclar o R&B clássico com o que é feito atualmente e esses dois mundos – que nem são tão distantes assim – fluem de maneira marcante ao longo do trabalho.

Músicas como "Saving All My Love", "Borderline" e a maravilhosa "Say Something" são pontos altos de um álbum interessante de se ouvir. [JP]

41) Miss Colombia, da Lido Pimienta

Ao longo de onze faixas, Lido Pimienta entrega um álbum pop conceitual marcante.

Miss Colombia é experimental ao ponto de conseguir mesclar elementos eletrônicos, elementos indígenas e cumbia enquanto fala de amores e perdas. É uma verdadeira viagem sonora na qual faixas como "Te Quería", "No Pude" e "Resisto y Ya" aparecem como grandes destaques. "Nada" ainda tem a colaboração especial de Li Saumet, a voz do Bomba Estéreo.

Vale o play! [JP]

40) I'm Your Empress Of, da Empress Of

Em seu terceiro álbum sob a alcunha Empress Of, a hondurenha-estadunidense Lorely Rodriguez está pronta para te fazer dançar em meio ao caos.

Ao longo de suas doze faixas, I'm Your Empress Of mostra um synthpop cada vez mais bem produzido e que, dessa vez, ganha influências caribenhas em algumas de suas faixas. Tudo isso embala a abordagem de Lorely para as suas questões emocionais e pessoais.

Um belo álbum! [JP]

39) I Love the New Sky, do Tim Burgess

Tim Burgess resolveu promover uma tour por clichês do pop-rock em seu quinto álbum solo, I Love The New Sky.

Ao longo das doze faixas, o registro tem momentos dançantes, baladas, sintetizadores e um bom uso de guitarras, tudo isso envolvido por uma pegada cult já conhecida do músico britânico por conta do The Charlatans.

"Empathy for the Devil", "The Mall" e "The Warhol Me" são pontos altos de um disco inspirado, coeso e muito bem amarrado. [JP]

38) Last Year Was Weird, Vol. 2, da Tkay Maidza

O segundo volume em mixtape da Tkay Maidza é um daqueles trabalhos onde é impossível não se animar ao longo das faixas.

É hip hop, é R&B, é pop. Tudo junto e muito bem misturado, principalmente quando a gente pensa no contexto de uma mixtape. "Awake" – que tem a participação de JPEGMafia – é um dos belos momentos do registro, assim como "My Flowers" e "24K".

É pra ouvir em volume alto! [JP]

37) Gratitrevas, da ÀIYÉ

No ano passado, a baterista Larissa Conforto - que fez parte da incrível banda Ventre - mudou-se para Lisboa e começou um novo projeto solo: ÀIYÉ (palavra que tem origem na mitologia iorubá e significa terra, mundo físico, paralelo ao mundo espiritual).

A imersão da artista nas religiões de matrizes afro (nesse caso, a Umbanda) foi, inclusive, uma grande inspiração para o primeiro trabalho, lançado pela Balaclava em março. Gratitrevas conta com gravações feitas no Brasil e em Portugal e é todo feito por Larissa: composição, produção (em parceria com Diego Poloni), vocais, percussão.

Com letras reflexivas em português e muitas camadas sonoras, o trabalho chega a lembrar a dupla franco-cubana Ibeyi, que vem do mesmo universo inspiracional. É um som bem experimental e eletrônico, com muitas pitadas de jazz e música afro-brasileira (como samba, funk carioca e pontos de Umbanda), muito menos rock do que era a Ventre, mas igualmente lindo e autêntico, e Larissa surpreende como vocalista. A faixa "O Mito e a Caverna", com participação de Vitor Brauer, tem rimas hipnóticas revelando mais um lado da Larissa compositora e cantora: poeta e rapper, acompanhada de uma bateria impressionante que já era característica conhecida dela. [BM]

36) Inner Song, da Kelly Lee Owens

A produtora galesa Kelly Lee Owens está de volta com mais um álbum que serve de trilha sonora para uma viagem.

Mesclando techno, dream pop e art pop, Inner Song entrega uma sonoridade rica e cativante logo na sua faixa de abertura, a instrumental "Arpeggi". Ao longo de seus 50 minutos, o álbum é um deleite para aqueles que gostam de música eletrônica bem arquitetada e cheia de surpresas.

Ouça com atenção as faixas "L.I.N.E." e "Wake Up". [JP]