Os 100 melhores álbuns de 2020

Essa deve ter sido a missão mais difícil em um ano recheado de bons lançamentos.

   70) Shall We Go On Sinning So That Grace May Increase?, do The Soft Pink Truth

Está precisando daquele som ambiente bem feito que mescla jazz, deep house, techno, piano e outros elementos? O The Soft Pink Truth está pronto para te entregar isso.

Em seu quinto álbum de estúdio, o projeto de Drew Daniel – conhecido pelo seu trabalho no duo Matmos – cria uma paleta experimental capaz de te transportar para outros lugares e sem o uso de qualquer substância. Harmonioso e bem gostoso de se ouvir! [JP]

69) American Head, do The Flaming Lips

De uma forma geral, Wayne Coyne e Steven Drozd capitanearam bons trabalhos do The Flaming Lips ao longo dos últimos anos mas, ainda que a banda soasse consistente em trabalhos como Kings's Mouth (2019) e Oczy Mlody (2017), ficava aquela sensação de que faltava algo.

Pois bem, o American Head acaba suprindo essa lacuna ao entregar treze faixas bem requintadas, que mesclam uma bela construção melódica com temas bem atuais e que permeiam a nossa cabeça em tempos de isolamento. A beleza de músicas como "Will You Return/When You Come Down", "Mother Please Don't Be Sad" e a parceria com Kacey Musgraves em "God and the Policeman" merecem a sua atenção. [JP]

68) Power Up, do AC/DC

Em seu primeiro trabalho em seis anos, o AC/DC entrega aquilo que todo mundo esperava da banda australiana: guitarras, riffs e nada de novo.

Isso está longe de ser um problema, já que o trabalho tem a já conhecida energia da banda, enquanto músicas como "Shot In The Dark" e "Demon Fire" mantém vivas o espírito dos integrantes e, principalmente, dos fãs.

Em certos momentos, o clima de nostalgia é gostoso de se ouvir e o Power Up tem isso na dose certa. [JP]

67) The Prettiest Curse, do Hinds

Em constante evolução, o Hinds entregou aquele que é o seu álbum mais rico até hoje.

Com um indie-rock cada vez mais refinado, o terceiro álbum da banda espanhola mostra que as suas quatro integrantes estão cada vez mais afiadas e consistentes. The Prettiest Curse é divertido, envolvente e inspirado, recheado de melodias assobiáveis e pronto para as arenas.

A produção de Jennifer Decilveo é outro ponto que merece destaque. [JP]

66) Every Bad, do Porridge Radio

A maldição do segundo álbum definitivamente não atingiu a discografia dos britânicos do Porridge Radio.

Capitaneada pela vocalista, guitarrista e compositora Dana Margolin, a banda soltou o aguardado Every Bad e não decepciona. Muito pelo contrário.

Bem construído, o álbum conta com onze faixas que vão do indie-rock ao post-punk, passando por pitadas experimentais bem marcantes. Em meio a tudo isso, os vocais marcantes e as composições diretas de Dana, que são destaque por todo o trabalho. [JP]

65) Hate For Sale, do The Pretenders

Leia a nossa resenha completa do álbum!

Manter uma banda na ativa por mais de quatro décadas é um grande desafio, ainda mais tendo passado por tantas dificuldades, como é o caso dos Pretenders. Mas a Chrissie Hynde conseguiu e, em seu 11º álbum de estúdio, continua fazendo bonito.

Hate For Sale desce redondinho do começo ao fim e mistura muitas influências e ritmos musicais diferentes (tem até um dub jamaicano!), mas também é um retorno à era de ouro dos Pretenders, honrando e resgatando a relevância do grupo e seus grandes hits com baladas românticas e rock calcado no blues e no punk.

O disco foi produzido por Stephen Street, que já trabalhou com bandas como Blur, The Cranberries e The Smiths; e ainda conta com a participação do membro original Martin Chambers na bateria. [BM]

64) It Was Good Until It Wasn't, da Kehlani

No mainstream, Kehlani talvez seja o nome do momento para o R&B, já que ela já colaborou com artistas mundialmente reconhecidos, como Justin Bieber e Post Malone.

Entretanto, seu reconhecimento passa longe de ser apenas por suas colaborações mais famosas: It Was Good Until It Wasn't, lançado em maio, alcançou as primeiras posições das paradas e diversos elogios da crítica graças ao poder da voz de Kehlani demonstrado em todo o trabalho, além da ótima produção, cheia de beats envolventes.

O disco consegue misturar diversos estilos, e até por isso, consegue agradar inúmeros e diferentes ouvintes. [RS]

63) Such Pretty Forks In The Road, da Alanis Morissette

Sem lançar um álbum inédito há incríveis 8 anos, Alanis Morissette finalmente conseguiu finalizar músicas novas durante um período em que ela engravidou, teve depressão pós-parto e ainda teve que conciliar o estúdio com a maternidade.

Essas experiências são contadas através deste trabalho, que traz músicas incríveis como "Reasons I Drink", "Smile", "Ablaze" e "Missing The Plot". [YC]

62) 3.15.20, do Childish Gambino

Impossível não elogiar aquele que pode ser o último álbum do Donald Glover sob a alcunha Childish Gambino.

3.15.20 é um daqueles trabalhos capazes de te prender logo na sua primeira audição. Tem muitas coisas acontecendo ao longo de suas doze faixas e isso não é nenhum problema, muito pelo contrário. Sonoridades que vão se sobrepondo, abordagens interessantes na produção, letras marcantes... ainda que ele te prenda, não é um álbum capaz de ser absorvido logo de cara. Por isso, ouça. Ouça novamente. Ouça mais uma vez. Vale a pena! [JP]

61) Cover Two, da Joan As A Police Woman

Mais de dez anos após o seu primeiro registro de covers, Joan Wasser – ou Joan As A Police Woman, se preferir – está de volta com uma nova seleção de versões nada convencionais para verdadeiros hinos.

Joan desconstrói hits como "Kiss" (Prince), "Under Control" (The Strokes), "Spread" (OutKast) ou "Out Of Time" (Blur), entregando versões que se aproximam do jazz e da música clássica. Essa desconstrução é tão boa que é capaz de virar um dos seus álbuns favoritos do ano. [JP]

60) Universo do Canto Falado, do RAPadura

Universo do Canto Falado é o álbum de estreia de RAPadura e carrega toda a sua essência ao longo de suas doze faixas.

Com influências claras da musica nordestina e de nomes como Elomar, Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Quinteto Violado, o rapper entrega um conjunto marcante de rimas, samples e poesias que são simplesmente geniais.

"Saga Cega", "Meu Ceará", "Peleja de Xique Chico" e "Olho de Boi" – que tem participação do BaianaSystem – são excelentes destaques. Apenas ouça! [JP]

59) King's Disease, do Nas

King's Disease deve ser encarado como uma volta às origens ou, se preferir, uma aposta de Nas em sua zona de conforto. Até por isso, o seu novo trabalho parece bem mais palatável que o NASIR (2018), embora goste do – curto – registro produzido por Kanye West.

Aqui temos aquilo que Nas sabe fazer de melhor: rimas marcantes, uma produção interessante de Hit-Boy e a capacidade de dialogar com várias gerações. Questões pessoais a parte, Nas ainda é um dos grandes nomes do hip hop e King's Disease é capaz de revitalizar a sua carreira. [JP]

58) color theory, da Soccer Mommy

Em seu segundo álbum, Sophie Allison entrega mais um belo conjunto de melodias, letras e uma voz marcante que fazem do Soccer Mommy um dos projetos mais legais do indie pop/rock.

Com dez faixas, Color Theory mostra a evolução clara do trabalho de Allison, seja pelos riffs legais e bem construídos, pela forma com a qual ela aborda temas que podem parecer complicados de uma forma bem direta e, principalmente, por fazer tudo isso funcionar de forma coesa e cativante.

É impossível não gostar de músicas como "circle the drain", "yellow is the color of her eyes" ou "night swimming". [JP]

57) Home Ghosts, da Sound Bullet

A Sound Bullet resolveu colocar para fora todos os seus fantasmas em seu novo álbum de estúdio. Com letras que soam como desabafos e questionamentos, a banda carioca lançou Home Ghosts, registro que a consolida como um dos bons nomes da cena independente brasileira.

Adicionando novas sonoridades a já conhecida mistura de indie rock, post-punk, rock alternativo e math rock, o quinteto constrói uma atmosfera rica e que nos convida para uma reflexão sobre a tão sonhada paz interior. [JP]

56) Pick Me Up Off the Floor, da Norah Jones

Atualmente, se fala muito sobre a evolução musical, busca por novos elementos e crescimento sonoro que, em certos momentos, parece que isso é uma regra para se construir um novo álbum. Na contramão de tudo isso está Norah Jones e o seu oitavo álbum de estúdio, Pick Me Up Off the Floor.

Essencialmente, o registro entrega "a mesma coisa" que o platinado e premiado Come Away With Me, seu trabalho de estreia lançado em 2002. A novidade só reafirma a qualidade de Norah na composição e na construção das melodias, o que resultou na melhor seleção de faixas lançadas pela estadunidense em uns bons anos. "Say No More" e "I'm Alive" são duas pérolas em forma de música. [JP]

55) Whole New Mess, da Angel Olsen

Leia a nossa resenha completa do álbum!

Quando analisamos a sonoridade de Whole New Mess, o disco fica longe de ser uma novidade em relação ao que já vimos de Angel em seus primeiros trabalhos; por outro lado, ele é muito mais do que um suposto álbum de demos: ele nos mostra um outro lado da mesma moeda. Isso significa que, assim como em All Mirrors, WNM nos fala sobre a superação dos problemas e dos nossos traumas sentimentais, que aqui são narrados com muito mais amargura.

Em Whole New Mess, Angel Olsen continua mostrando sua perspectiva pessoal em relação às dores originadas por suas relações mais íntimas; mais do que isso, traça como essas dores podem acontecer na vida de todos nós, fazendo dela uma inteira bagunça. [RS]

54) Será Que Você Vai Acreditar?, da Fernanda Takai

Em seu sexto álbum solo, Fernanda Takai deixa claro que é uma das grandes vozes da música brasileira. Gravado durante a pandemia, a novidade dialoga bem com os dias atuais com a crítica "Terra Plana", faixa que abre o álbum.

Mesclando canções inéditas e belas versões, o trabalho evidencia todas as qualidades de Fernanda em belos momentos como "Não Esqueça" – uma homenagem para a sua filha Nina e uma composição do grande Nico Nicolaiewsky – e nas versões de "One Day In Your Life" (Michael Jackson) e "Love Is A Losing Game" (Amy Winehouse).

Em dez faixas e menos de 40 minutos, Takai entrega mais um belo álbum para a sua exuberante carreira solo. [JP]

53) THE ALBUM, do BLACKPINK

A espera por um álbum completo do Blackpink valeu à pena.

Ainda que seja mais similar a um EP, com apenas 8 músicas, a girlband de maior destaque no mundo entregou faixas divertidas e surpreendeu muita gente que pensava que elas só teriam grandes produções nos singles que seriam lançados.

As músicas foram escolhidas à dedo e isso fez com que o trabalho ficasse pront sem sem nenhuma filler (aquelas músicas que a gente tem vontade de pular e que só servem pra preencher um disco). [YC]

52) songs / instrumentals, da Adrianne Lenker

Leia a nossa resenha completa do álbum!

Ao criar dois projetos que funcionam como opostos, Adrianne Lenker cria uma unidade, uma junção que transmite a quem escuta songs / instrumentals o poder que a arte tem em criar reflexões profundas, mesmo em tempos tão complicados.

O isolamento e o acolhimento que constitui os álbuns faz com que olhemos para nós mesmos, e define songs / instrumentals como um dos melhores e mais essenciais projetos de 2020. [RS]

51) ULTRA MONO, do IDLES

Após trazer novos (e refrescantes) ares ao rock com a obra-prima Joy as an Act of Resistance (2018), o IDLES reapareceu em 2020 com Ultra Mono.

O novo álbum do quinteto possui alguns elementos sonoros positivos que marcaram seu trabalho anterior, especialmente o vocal icônico e que soa como um grito de guerra do carismático Joe Talbot. Porém, o registro recém-lançado surge como uma tentativa de transformação do grupo, com um som mais polido e um pouco menos agressivo. Apesar do elogiável esforço do conjunto em não ficar na mesmice, o álbum apresenta alguns problemas, já que o som mais cru e direto dos outros discos fazia a banda soar perfeita, até por casar melhor com as letras sobre a sociedade contemporânea (que também estão presentes aqui).

De qualquer forma, Ultra Mono vale a ouvida, e não tira os méritos do IDLES como a melhor banda de rock da atualidade. Destaques para a viciante "Anxiety" e a dançante "Carcinogenic". [RS]