TOP 50: os melhores álbuns de 2022!

Aqui está a nossa seleção com os trabalhos que chamaram a nossa atenção ao longo de um ano recheado de bons lançamentos.

Por John Pereira

Lá em 2014, quando a ideia de se fazer uma lista de fim de ano saiu do papel, me parecia simples sentar e escolher o que eram “os melhores” de um ano.

Muita coisa mudou de lá para cá. A quantidade de álbuns e EPs lançados é uma delas. Naquela época, eu ouvia muito menos lançamentos do que fiz até o ano passado. Com o passar do tempo, ao escrever sobre música e se comprometer a entregar uma lista que “avalie o ano”, ainda que por uma ótica pessoal, é fácil se cobrar por “não ter ouvido o suficiente” ou se forçar a ouvir aquele álbum por “precisar”.

Essa mentalidade deve ter sido a grande mudança no Listão ao longo dos anos. Não que a gente simplesmente tenha abdicado das audições, mas essa foi a primeira vez em que não se teve uma cobrança. Pelo menos na cabeça deste que vos escreve. Muitos álbuns eu sequer sabia da existência até semanas atrás. Muitos deles seguem sem ser ouvidos e, ao contrário de antes, todos os envolvidos lidam - ou pelo menos aparentam - bem com essa questão.

Você deve estar se perguntando por qual motivo então fazemos uma lista de fim de ano sem ouvir tudo o que foi lançado. Bom, nenhum veículo existente na face da Terra redonda e que publicou uma lista de fim de ano ouviu tudo o que foi lançado. Nenhum. Nem a Pitchfork. Rolling Stone? Não. Stereogum? Também não. Em todos os casos existe um recorte e isso é o que sempre aconteceu por aqui. A pluralidade dos envolvidos faz com que muitas coisas sejam ouvidas, mas é impossível ouvir tudo. E nesse ano, o recorte do Audiograma foi mais simples: “ouvimos o que deu vontade”.

Olho para esse TOP 50 abaixo e penso nele como a lista mais pessoal que a gente já fez até hoje. Mais do que nunca, é uma lista com aquilo que nós gostamos. Diz muito mais do nosso gosto pessoal do que o ser “bom ou ruim”. Até por isso, essa foi a lista que gerou mais conversas internas, questionamentos ou discordâncias. No fim, como uma boa democracia, os mais votados entram.

As nove listas individuais se transformaram nesse TOP 50. É a forma que a gente encontrou de resumir o ano e mostrar aquelas coisas que ganharam o nosso coração de alguma forma. Como de costume, cada um deles conta com uma mini-resenha com os motivos que o colocam na lista, além do player para você ouvi-lo no Spotify.

50) And In The Darkness, Hearts Aglow, da Weyes Blood

Quando anunciou And In The Darkness, Hearts Aglow, Weyes Blood fez questão de explicar o que já seria suspeito apenas escutando o álbum: esse seria um trabalho que faz parte de uma trilogia, iniciada por Titanic Rising (2019).

Suspeito pela sensibilidade, letras intimistas e melodias que explodem assim como o coração iluminado da capa, algo comum ao disco anterior. Um álbum que não oferece soluções, mas que no mínimo acalenta o coração. [RS]

49) Dirt Femme, da Tove Lo

A ousada chegou! A cantora apresenta seu quinto álbum de estúdio da maneira mais Tove Lo possível: independente e sexy.

Dirt Femme marca o primeiro lançamento da sueca fora de sua antiga gravadora, a Universal Music. [ER]

48) Lucifer on the Sofa, do Spoon

Cinco anos após Hot Thoughts, o Spoon coloca no mundo o seu décimo álbum de estúdio e Lucifer on the Sofa mostra o quanto eles ainda são criativos.

Com quase três décadas de existência, a banda capitaneada por Britt Daniel e Jim Eno entrega um álbum divertido e que evidencia a capacidade do Spoon de fazer um rock simples, clássico e fresco. Tudo ao mesmo tempo.

A guitarra marcante de "The Hardest Cut" é capaz de te conquistar, mas é em "Wild" que você encontra o grande tesouro de Lucifer on the Sofa. Facilmente, uma das minhas músicas preferidas do ano. [JP]

47) Stumpwork, do Dry Cleaning

Stumpwork é um álbum que dá o que falar logo pela capa: é o puro desconforto de se deparar com uma situação cotidiana, mas que dessa vez você não pode interferir.

Segundo álbum do quarteto londrino, o álbum traz uma sonoridade pós-punk honesta, mas que lembra demasiadamente o experimentalismo de Sonic Youth. As guitarras agudas é um convite para que o ouvinte mergulhe de cabeça nos curtos versos de Florence Shaw, que em contraponto a toda agudez dos instrumentos, canta em uma voz sussurrada, quase arrastada. [BMS]

46) HOLY FVCK, de Demi Lovato

É bom ver a Demi Lovato trazer um disco mais agressivo novamente.

Ela tem talento para essa sonoridade mais pop e rock, e resgatar o som dos primeiros álbuns dela traz uma nostalgia muito boa. As letras são honestas e quem acompanha o trabalho dela sabe exatamente do que ela está falando.

No álbum ela reflete sobre sua relação com as drogas, ex-relacionamentos e sexo. [YC]

45) This Is What I Mean, do Stormzy

3 anos após o ótimo Heavy is The Head, o rapper britânico Stormzy trás de volta a mistura de grime com pop com sua voz forte característica.

Com uma letra bem pessoal, "Please" é uma das faixas destaques além dos singles "Hide & Seek", "Firebabe" e "This is What I Mean". [ER]

44) Eyeye, da Lykke Li

Para quem estava com saudade do álbum Wounded Rhymes, Eyeye é uma grata surpresa para o ouvinte.

Lykke Li retorna com um álbum ainda mais triste que o antecessor, se é que isso é possível. Se o álbum So Sad, So Sexy é considerado o mais fraco da carreira da artista, Eyeye vem para corrigir os erros de composição, apresentando uma nova versão de como a artista trabalha a tristeza para além do campo pessoal.

Este é o registro de um álbum de profundidade que chega a ser opressora — é comedido em sua sonoridade, como se cada nota fosse cuidadosamente pensada e inserida no momento exato. É mais do que ‘um álbum que fala sobre tristeza; é o sentimento em forma de música. Mas isso não é uma coisa ruim, não é mesmo? [BMS]

43) Earl Sweatshirt - SICK!

O quarto álbum de Earl Sweatshirt se chamar SICK! soa quase irônico. Afinal, o rapper finalmente parece caminhar para uma sonoridade mais leve, enquanto aparenta estar melhor dos transtornos mentais que o atormentaram por um tempo, mesmo que a temática do disco ainda tenha um tom de sombrio por tratar do período pandêmico.

O melhor de tudo é que o trabalho não deixa de ser experimental, com inúmeros samples que tornam a música cheia de recortes e detalhes sonoros ricos, além de provar a capacidade de Earl nas rimas. [RS]

42) True North, do A-ha

A banda que dispensa apresentações - e que esteve recentemente no Brasil para uma série de shows - lançou seu mais recente álbum em outubro.

Denominado True North, o disco traz aquela vibe que só o A-ha pode te proporcionar: um sentimento meio saudosista e, ao mesmo tempo, uma renovação. Junto ao álbum, a banda veterana também lançou um filme que os mostra durante as gravações do disco com a orquestra, que aconteceram durante 2021, em Bodø, cidade norueguesa que fica em torno de 90 km acima do círculo Polar Ártico.

O álbum traz letras reconfortantes para o atual cenário global, uma vez que falam sobre assuntos cotidianos, em especial a relação do ser humano com o meio ambiente. Nesse ponto, além do single "As If", a melancólica "I’m in" e "Forest for The Trees", outras duas canções merecem ser destacadas: "Bluest Of Blue", de uma sensibilidade sem igual e capaz de te fazer viajar por cada palavra cantada por Morten; e "Summer Rain", essa última trazendo um momento mais reflexivo.

Falar de A-ha é saber que sempre será difícil descrever o quanto as canções te tocam de uma forma profunda e especial, e também, saber que dificilmente terá qualquer música ruim. [JS]

41) Gêmeos, do Terno Rei

A banda de São Paulo fez tanto sucesso com o álbum Violeta que era grande a pressão do próximo disco. Mas eles não desapontaram! Gêmeos foi um grande sucesso de crítica e público, e os shows deles têm lotado como nunca. "Dias da Juventude" e "Aviões" são as minhas preferidas.

Este é o terceiro álbum da banda, que está mais entrosada e, apesar de apresentar músicas bonitas e um tanto melancólicas, agora soa mais enérgica e animada, com um som um pouco mais pesado. É um rock alternativo de personalidade particular, que dá pra cantar junto e que muitas vezes é triste, mas não é emo.

Em 2022 o Terno Rei também teve importantes conquistas além do lançamento de um novo álbum: tocaram nos importantes festivais Primavera Sound e Lollapalooza, além de realizarem as suas primeiras apresentações no exterior. Pra gente ter orgulho de ser brasileiro e dos excelentes músicos do nosso país! [BM]