TOP 50: os melhores álbuns de 2022!

Aqui está a nossa seleção com os trabalhos que chamaram a nossa atenção ao longo de um ano recheado de bons lançamentos.

   30) Fúria, de Urias

Imagina ser uma artista iniciante e lançar seu primeiro álbum com uma qualidade absurda e se igualar a cantoras que já tem um certo nível de experiência no mercado? Esse é o caso de Urias e com seu álbum Fúria.

A Drag Queen chuta a porta da indústria e mostra que tá ali sem medo de ser vulnerável, sentimental e poderosa no seu álbum de debut. Urias deixa explícito a dificuldade de ser uma artista negra e queer no Brasil com Fúria que tem uma sonoridade que flutua entre o trap e o pop.

Podemos esperar grandes feitos de uma das drag queens que mais cresce no país. [HF]

29) MATERIA (PELLE), de Marco Mengoni

Novamente, Marco Mengoni aparece no meu listão de melhores álbuns do ano, trazendo mais um trabalho impecável. MATERIA (PELLE) é a continuação do álbum lançado em 2021, MATERIA (TERRA), que teve um ótimo desempenho nas paradas italianas. É um tipo de continuação com ar de relançamento, já que há algumas músicas do álbum anterior que aparecem nesse novo, mas vale estar na lista por alguns motivos bem pontuais.

Para começar, o álbum abre com o hit “No Stress”, que figurou por um longo tempo no topo das paradas italianas e com razão: é dançante na medida certa e o tipo de música que contagia e gruda na cabeça de um jeito bom. Apesar de ser um álbum longo, consegue ser suave e manter uma linha bem definida, que se encaixam perfeitamente com as canções do seu antecessor. Além de ter pequenos registros, um pouco mais “informais” de músicas em espanhol e italiano, o que acaba dando um ar de intimidade para o álbum e convidando o ouvinte a curtir ainda mais a experiência.

Poderia descrever como um álbum confortante, para ouvir em um momento relax, o que acaba fazendo total sentido, quando você lê o nome da primeira faixa, e que segue nessa vibe, álbum adentro com canções como "Tutti I Miei Ricordi", "Parlami Sopra", "Respira" e "Luce". [JS]

28) Ascensão, do Black Pantera

O power trio mineiro de Uberaba finalmente está recebendo o reconhecimento que merece depois de tocar no Rock in Rio de 2022.

Ascensão já é o terceiro álbum da banda, que está em atividade desde 2014. O show deles foi o melhor que eu vi esse ano (e tive o privilégio de assistir duas vezes), confirmando que o disco faz muito bonito ao vivo também. Os três chamam a atenção pelo virtuosismo em seus instrumentos, principalmente o baixista Chaene da Gama. Mas não é nem de longe aquela exibição que cansa a plateia – pelo contrário, o Black Pantera encanta a todos e levanta a plateia num show intenso e enérgico onde todos participam. É uma festa de bate cabeça!

O som é um metal delicioso, que faria o Sepultura se orgulhar, isso sem contar as excelentes letras em português com muito conteúdo anti racista e antifascista. Se você não conhece, tá perdendo muito. Não vacila! [BM]

27) Reeling, do The Mysterines

Me apaixonei por essa banda à primeira ouvida. São quatro jovens de Liverpool, mas o som não é nada Beatles.

É rock inglês pesado com vocal feminino, porém uma voz bem peculiar, grave e anasalada (de Lia Metcalfe, que também toca guitarra e é a principal compositora do grupo). Mistura punk, grunge, metal tipo Black Sabbath e Motörhead com alternativo lindamente, além de referências dos anos 70 e 90.

A primeira música que ouvi deles, em uma rádio inglesa, foi "Life is a Bitch". Imediatamente fui atrás de tudo que podia da banda e descobri um álbum novinho, lançado este ano, com uma faixa melhor que a outra. Minha preferida é "Hung Up". Agora tô doida pra ver um show deles. É o primeiro álbum do grupo, depois de dois EPs também bons, mas com notável diferença pra melhor.

26) i used to think i could fly, Tate McRae

Embora não seja uma grande conhecedora do trabalho da Tate McRae, eu gostei muito desse novo álbum, especialmente por essa “conectividade” de uma música com a outra. É o tipo de álbum que você ouve no looping e nem sente quando termina ou começa.

Conheci Tate esse ano através da música “Chaotic”, quinta faixa desse álbum, e logo ela me chamou atenção por, em alguns momentos, sua voz me recordar um pouco a cantora Melanie Martinez e, em outros, soar parecida com Olivia Rodrigo. Talvez eu tenha tido essa impressão pela “estética” sonora dessas cantoras serem semelhantes.

É um pop que me traz uma certa nostalgia dos anos 2000 mas, simultaneamente, é algo jovem e atual. Outras músicas nesse álbum merecem atenção como, por exemplo, a baladinha dançante “what’s your problem?” e a faixa mais pop rock “she’s all i wanna be”, sendo uma das minhas preferidas e que está no repeat por aqui. [JS]

25) LADY LESTE, de Gloria Groove

Daniel Garcia, mais conhecido por dar vida a Gloria Groove, joga na cara o porquê de ser um artista completo ao lançar o icônico LADY LESTE.

Com 13 músicas e com uma sonoridade que passa pelo pop, funk, rap e pagode, o último álbum de GG é um grande compilado de hits. "Bonekinha", "Vermelho", "Leilão" e "A Queda" são mais que suficientes para mostrar que Gloria Groove entregou qualidade e coesão ao lançar seu segundo álbum de estúdio, mas isso também foi muito bem visto e ouvido nos seus outros EPs e singles.

Ainda sobre "Vermelho, ele contém um sample de "Mina de Vermelho" do MC Daleste para celebrar o legado do cantor de funk paulista. "Ele marcou a vida de muitas pessoas da minha idade nas festas e nos bailes. Antes de mim, ele foi um dos artistas que colocou a zona leste no mapa, por isso a escolhi para puxar a chegada do álbum", disse a artista.

LADY LESTE é uma obra prima de sucesso e de qualidade inquestionável que é certeiro ao mostrar a ascensão de Gloria Groove na indústria musical brasileira. [HF]

24) The Car, do Arctic Monkeys

Aqui não existe "8 ou 80". Ainda que os trabalhos recentes tenham criado uma ruptura entre passado e presente, é impossível dizer que o Arctic Monkeys não vive o seu melhor momento criativo.

The Car tem tudo o que Alex Turner e companhia entregaram aos fãs ao longo dos anos: composições afiadas, busca por novas sonoridades, desafio perante a zona de conforto e uma produção de se supera.

Gostar de "I Bet You Look Good on the Dancefloor" e, ao mesmo tempo, de "Hello You" parecem coisas conflitantes para boa parte dos fãs, mas se tem uma coisa que me faz admirar o Arctic Monkeys é pegar o seu carro e ir sempre na contramão daquilo que se espera deles.

Nunca fui em um cassino de Las Vegas, mas tenho certeza que "I Ain’t Quite Where I Think I Am" é uma boa música para ouvir enquanto se perde dinheiro jogando blackjack. Da mesma forma, "Body Paint" parece saída de uma trilha sonora de algum 007, naqueles momentos em que o James Bond (nas fases Sean Connery ou Roger Moore) pedem uma bebida no bar. E isso só me faz gostar ainda mais do The Car a cada audição. [JP]

23) Cave World, do Viagra Boys

Pouco mais de um ano após o elogiado Welfare Jazz, os suecos do Viagra Boys voltam com aquele que é o melhor trabalho de sua carreira.

Em seu terceiro registro de estúdio, a banda evidencia o seu processo de evolução em um trabalho cativante, divertido e sarcástico, usando de um bom humor para abordar questões que a gente ainda não acredita que estamos discutindo em 2022, como a eficácia das vacinas.

Tudo isso embalado por um post-punk dançante que fazem de Cave World o trabalho de rock gringo que mais me conquistou neste ano. "Ain’t No Thief", "Return to Monke" e "Creepy Crawlers" não me deixam mentir. [JP]

22) Mil Coisas Invisíveis, do Tim Bernardes

Segundo álbum solo de Tim Bernardes, Mil Coisas Invisíveis comprova a doçura e complexidade do artista.

Os versos íntimos que permeiam o trabalho não parecem ter sido escritos para cantar junto, mas para serem apreciados em silêncio, como se o ouvinte acompanhasse uma história com efeitos, não uma música. Existencialismo é a palavra chave do álbum, bem como a tristeza já muito conhecida pelos fãs: todo o trabalho perpassa pelo fim dos laços, às vezes promovido pelo próprio eu lírico.

Para quem acompanha Tim desde seu primeiro álbum, vai encontrar poucas surpresas em suas composições quase acústicas, mas isso não é um problema — a sonoridade é como voltar para casa depois de uma longa viagem. [BMS]

21) Xenoverso, do Rancore

O nome parece familiar mas calma: eu não estou falando da banda e sim do rapper Tarek Iurcich, que adotou Rancore como seu nome artístico. Nascido em Tufello, periferia de Roma, filho de pai croata e mãe egípcia, ele é um dos mestres do freestyle da cena do hip hop italiano. Por sua vez, Xenoverso é o termo que o artista criou para descrever a sua forma de ver as coisas que o levavam para outra dimensão.

O álbum é o que ele chama de “hip hop hermético” e vem carregado de simbologias e significados, além de muitas referências poéticas, filosóficas e criticas sociais, os quais são uma de suas marcas. Esse é um álbum diferente do convencional e que saiu dois anos após o principal single ser lançado, durante o festival de Sanremo. Para isso, o artista justifica que além da pandemia - que logicamente atrasou todo o processo; ele sentiu a necessidade de fazer um disco que não seguisse em nada a lógica de mercado.

Xenoverso também se torna especial por toda a atmosfera que o rapper criou em torno dele, envolvendo uma experiência imersiva, com um site destinado ao álbum e seus vídeos muito bem estruturados, seguindo uma lógica e contando uma história que mistura música com diálogos, e que prende a atenção do ouvinte. É difícil descrever todas as sensações que o álbum te proporciona, e as inúmeras interpretações que ele pode ter, mas posso dizer, que você de fato se sente entre duas dimensões.

Como destaques, posso citar a canção que dá título ao disco e a mais recente trabalhada por ele, chamada “Freccia”, além de “Eden”, primeira música lançada e que conta com a participação de Dardust. [JS]