TOP 50: os melhores álbuns de 2022!

Aqui está a nossa seleção com os trabalhos que chamaram a nossa atenção ao longo de um ano recheado de bons lançamentos.

   20) Versions Of Me, da Anitta

A Girl From Rio sempre figura a lista anual de melhores álbuns deste que vos fala, desde o seu debut.

Desta vez, Anitta, nossa musa nacional, reuniu os melhores produtores do pop internacional, incrementou sua característica funk em algumas das faixas e de quebra abocanhou feats com ninguém mais, ninguém menos que Missy Elliott, Cardi B, e até mesmo com o saudoso Mr. Catra. [YC]

19) < COPINGMECHANISM >, da Willow

Willow é uma das poucas artistas que conheço que nunca lançou um álbum mediano/fraco e não foi diferente com < COPINGMECHANISM >.

Com uma influência fortíssima no rock - que pegou emprestado do poderoso lately i feel EVERYTHING e sua parceria perfeita com Travis Barker; Willow prova que é uma artista em ascensão e em evolução frequente e seu último álbum deixa isso explicito com vocais maduros, solos de guitarras incrivelmente bem executados e com um visual que lembra cyberpunk.

Inclusive, cabe aqui um adendo: a família Smith tem um bom sangue quando o assunto é talento. Will, Jaden, Jada e Willow são artistas inegáveis!!!! [HF]

18) Multitude, do Stromae

O cantor belga que, segundo ele, entrou em hiato para tentar viver uma vida normal, não lançava um álbum de inéditas desde 2013. Quase 10 anos depois, ele nos recompensou com essa joia rara repleta de misturas sonoras.

Começamos a conhecer, o que viria a se tornar esse álbum incrível, lá em 2021 com o lançamento da faixa "Santé", que assinou o retorno definitivo do cantor aos holofotes. Logo no início de 2022, ele divulgou a ótima e dramática “L’enfer” para preparar o público para o que vinha nos meses a seguir.

Em Multitude, Stromae não brinca apenas com as palavras, mas também explora novos ritmos, misturas e novos instrumentos como só ele sabe fazer. É um álbum envolvente, e é impensável ele não estar entre os melhores do ano. Como destaque, cito as canções “Fils de joie” e “Bonne Journée", além das já citadas. A única parte ruim desse álbum é que ele acaba e nos deixa com aquele gostinho de quero mais. Espero que ele não demore mais tanto tempo para lançar novos trabalhos e nos agraciar com seu incrível talento. [JS]

17) Autointitulado, do Autoramas

Depois da pandemia, a banda voltou com tudo em 2022 com um dos melhores discos de sua já extensa carreira. Liderada pelo incrível Gabriel Thomaz, o homem que mais trabalha na música brasileira, o Autoramas já acumula 24 anos de estrada e segue vivo e muitíssimo bem, obrigado.

Com letras inteligentes em português, o álbum retrata perfeitamente a energia caótica da saúde mental abalada dos brasileiros, cheio de críticas sociais e políticas. Dramas pessoais, ansiedade, noias, falta de tempo, válvulas de escape, vícios — está tudo lá. Há inclusive duas faixas com participação especial do Dead Fish, banda que chegou aos 31 anos como ícone do hardcore antifascista brasileiro.

O som do álbum é um rock bem garageiro, com referências de punk, rockabilly, new wave, jovem guarda, surf music e as já tão características guitarras em destaque. Os vocais, divididos entre Gabriel e Erika Martins, têm harmonias perfeitas. As canções não deixam de ser pop e, cativantes, convidam a cantar junto. Ao vivo, então, esse disco novo é um espetáculo. Tive o privilégio de assisti-los esse ano e, depois da era marcante do power trio Gabriel-Bacalhau-Flávia Couri, essa é a melhor formação do Autoramas: hoje um quarteto, além de Gabriel e Erika, a banda conta com Jairo Fajersztajn no baixo e Fabio Lima na bateria. [BM]

16) Land Of Dreams, do Mark Owen

Sem dúvida esse foi o álbum mais aguardado para mim neste ano, mas antes de falar sobre ele, vamos para um pequeno contexto: você provavelmente deve estar se perguntando quem é esse tal de Mark Owen, não é mesmo?

Se você é da geração dos anos 90, talvez você já conheça esse cara e nem faça ideia disso. Mark é um dos integrantes da boy band (agora old band, já que todos os integrantes estão na casa do 50 anos) britânica Take That. Eles foram responsáveis pelo hit “Back for Good”, que fez parte da trilha sonora da novela Explode coração no ano de 94 (sim essa mesmo, a do Cigano Igor), e desse grupo também surgiu um grande e polêmico hitmaker: Robbie Williams.

Enquanto seu colega de banda fazia relançamentos de álbuns antigos em edições comemorativas, Mark aproveitou para fazer um trabalho como ele sempre sonhou e que, no final, trouxe músicas interessantes. Entre altos e baixos em sua carreira, o cantor não lançava um novo álbum há 9 anos, e embora ele ainda esteja na ativa com o Take That, os fãs estavam sedentos por novidades solo com seu estilo peculiar.

Em Land Of Dreams, ele explorou sonoridades, mas deixou sua influência dos velhos anos 70 bem clara logo de cara. O álbum traz músicas com histórias interessantes como, por exemplo, “Are you Looking For Billy?”, que surgiu quando o cantor pegou um táxi, no qual o motorista se chamava Billy e ele criou toda uma história a partir dessa informação. Particularmente, o grande destaque desse álbum para mim é “Come Back”. Ela é contagiante e um tanto especial, já que a filha mais velha do cantor, Willow, faz um dueto com ele e a sua voz impressiona.

A simpática “Magic” e “Rio”, que explicitamente se refere ao Rio de Janeiro, merecem destaque. Vale também uma menção para “Last of Heroes”, música que tem como um dos compositores, seu colega de banda, Gary Barlow. No geral, é um álbum muito direcionado para os fãs e para quem gosta de um estilo mais “hippie no luau na praia da Califórnia nos anos 70”. [JS]

15) SIM SIM SIM, de Bala Desejo

O álbum de estreia do grupo oxigenou a MPB com uma boa dose de nostalgia, um ode aos Novos Baianos, Doces Bárbaros e Rita Lee.

Não somente as referências levam para outros tempos, mas também a própria concepção do trabalho, dividido em lado A e lado B como no formato de vinil. A sonoridade solar e tropical destoa do momento qual o disco foi idealizado, a pandemia. Como se para comprovar, o álbum abre com a faixa "Baile de Máscaras (Recarnaval)", a fim de transportar o ouvinte a um momento mais alegre, de festança — ainda que paire sobre nós a fatalidade de anos difíceis.

Com participações técnicas como Tim Bernardes, Ana Frango Elétrico e Jaques Morelenbaum, o álbum apresenta uma banda que já nasceu madura, mas com muita sede de mudança e debate plural. [BMS]

14) Gemini Rights, de Steve Lacy

Ainda que tenha se destacado como guitarrista de um dos movimentos mais interessantes do R&B na última década (The Internet) e também tivesse bons singles como um artista solo, parecia que faltava algo para pavimentar Steve Lacy como o grande artista e produtor que é. Agora, isso não é mais um problema, graças a Gemini Rights.

Acredite: o álbum é mais do que o hino do TikTok “Bad Habit”: há pérolas como “Helmet” e “Sunshine”, que possibilitam visualizar todo o talento e versatilidade de Steve. [RS]

13) Laurel Hell, da Mitski

Uma das boas notícias do fim do ano passado foi o anúncio da volta de Mitski aos trabalhos tanto de estúdio quanto ao vivo. Um alívio, uma vez que a cantora foi um dos talentos da música alternativa que mais brilharam aos olhos na última década.

Em Laurel Hell, seu trabalho pós-hiato, a artista continua partindo corações com sua sonoridade grandiosa, mas que ao mesmo tempo se assemelha a uma confissão de uma melhor amiga. Com isso, ela prova que não perdeu a mão mesmo quase desistindo da carreira após Be the Cowboy (2018). [RS]

12) Ants From Up There, do Black Country, New Road

Uma das melhores coisas do segundo álbum do Black Country, New Road foi, logo na sua primeira audição, perceber que o For the First Time, seu registro de estreia, não foi uma obra do acaso.

Em Ants From Up There, a banda consegue ampliar tudo o que foi entregue naquele que foi um dos melhores trabalhos do ano passado, mesclando ainda mais elementos ao seu rock experimental e cheio de camadas.

Ainda que seja um trabalho tão denso quanto o primeiro, o BCNR parece bem confortável ao longo de suas dez faixas, não deixando transparecer qualquer tipo de pressão ou preocupação. É "só" uma banda mostrando o que sabe fazer de melhor. Ants From Up There soa como um fechamento de ciclo e isso faz ainda mais sentido com a saída de Isaac Wood, seu principal vocalista, anunciada dias antes do álbum ser lançado.

Se não dá para saber qual será o próximo passo do BCNR, é possível dizer que esse ciclo inicial foi simplesmente impecável e os doze minutos de "Basketball Shoes" são a melhor conclusão que um fã poderia querer. [JP]

11) Special, da Lizzo

A cantora americana Lizzo chega ao seu quarto álbum no auge da sua carreira; e é bom demais ver uma mulher negra e gorda no topo.

Ela tem recebido todo o reconhecimento que tanto merece, tem um dos melhores shows do mundo, com banda e balé formados por mulheres pretas. Seu discurso de auto aceitação, força e críticas a padrões é ainda necessário nos dias de hoje e seu talento é inegável — excelente cantora, rapper, compositora, dançarina e flautista, ela merece todos os louros.

Special contém o mega hit “About Damn Time”, mas todas as faixas são boas e não tem como ficar na bad ao escutá-lo. É praticamente um antidepressivo em forma de música. A era de ouro da black music aparece sem soar datada, com um som riquíssimo e produção impecável. Disco do ano! [BM]