TOP 10: Rahif Souza

O Rahif selecionou os seus dez lançamentos preferidos de 2022 entre álbuns e EPs.

   10) Mr. Morale & The Big Steppers, do Kendrick Lamar

Desde 2017, existia aquela pergunta na comunidade do hip-hop: quando Kendrick Lamar lançaria um novo disco? Será que ele conseguiria manter o nível alcançado desde good kid, m.A.A.d. city (2012)? A resposta veio com Mr. Morale & The Big Steppers.

Se em GKMC e To Pimp a Butterfly (2015) se olhava muito para o passado, e DAMN. (2017) refletia sobre o presente, o quinto álbum de estúdio de K-dot é um olhar sob esses dois períodos em sua vida, e como isso vai exercer influência na sua arte e na sua personalidade daqui pra frente. Em meio a isso, os ouvintes do disco recebem toda a profundidade que Kendrick sempre ofereceu como artista.

9) And In The Darkness, Hearts Aglow, da Weyes Blood

Quando anunciou And In The Darkness, Hearts Aglow, Weyes Blood fez questão de explicar o que já seria suspeito apenas escutando o álbum: esse seria um trabalho que faz parte de uma trilogia, iniciada por Titanic Rising (2019).

Suspeito pela sensibilidade, letras intimistas e melodias que explodem assim como o coração iluminado da capa, algo comum ao disco anterior. Um álbum que não oferece soluções, mas que no mínimo acalenta o coração.

8) Earl Sweatshirt - SICK!

O quarto álbum de Earl Sweatshirt se chamar SICK! soa quase irônico. Afinal, o rapper finalmente parece caminhar para uma sonoridade mais leve, enquanto aparenta estar melhor dos transtornos mentais que o atormentaram por um tempo, mesmo que a temática do disco ainda tenha um tom de sombrio por tratar do período pandêmico.

O melhor de tudo é que o trabalho não deixa de ser experimental, com inúmeros samples que tornam a música cheia de recortes e detalhes sonoros ricos, além de provar a capacidade de Earl nas rimas.

7) Dawn FM, do The Weeknd

A primeira coisa que dá pra dizer sobre Dawn FM, quinto álbum de estúdio de The Weeknd, é que talvez esse seja o trabalho mais ligado à música eletrônica do cantor (perdendo apenas pra Starboy).

A segunda coisa é que o disco consegue apresentar novos elementos sonoros que Abel ainda não tinha explorado à vera. Seja por ter sido lançado ainda em janeiro, ou por ter saído em sequência ao mega sucesso After Hours (2020), Dawn FM pode passar despercebido da maioria das listas de fim de ano, mas merece ser mencionado como um dos grandes trabalhos de 2022.

6) It’s Almost Dry, do Pusha T

Muitas pessoas argumentam que o trabalho de Pusha T é monotemático e só se apoia nas suas experiências vendendo drogas. Mas, pra ser sincero, isso pouco importa quando você tem um dos rappers com um dos flows mais icônicos da nossa geração com um disco de produção assinada por Pharrell Williams e Kanye West.

It’s Almost Dry possui dois lados (um produzido por Pharrell e outro por Kanye), e em ambos consegue manter o clima sombrio, em conjunto com rimas ácidas e uma sonoridade envolvente.

5) Laurel Hell, da Mitski

Uma das boas notícias do fim do ano passado foi o anúncio da volta de Mitski aos trabalhos tanto de estúdio quanto ao vivo. Um alívio, uma vez que a cantora foi um dos talentos da música alternativa que mais brilharam aos olhos na última década.

Em Laurel Hell, seu trabalho pós-hiato, a artista continua partindo corações com sua sonoridade grandiosa, mas que ao mesmo tempo se assemelha a uma confissão de uma melhor amiga. Com isso, ela prova que não perdeu a mão mesmo quase desistindo da carreira após Be the Cowboy (2018).

4) Un Verano Sin Ti, do Bad Bunny

Não dá pra discordar que poucos artistas fizeram tanto pelo Reggaeton nos últimos anos quanto Bad Bunny. Graças a essa ascensão, ele se tornou uma estrela pop iminente.

Porém, com Un Verano Sin Ti, existe algum tipo de fator que torna esse o disco mais grandioso e ao mesmo tempo consistente do artista. E você pode escolher que fator é esse: a energia sempre presente, a melancolia festiva ou as letras sempre fáceis de ficar presas na cabeça.

3) Gemini Rights, de Steve Lacy

Ainda que tenha se destacado como guitarrista de um dos movimentos mais interessantes do R&B na última década (The Internet) e também tivesse bons singles como um artista solo, parecia que faltava algo para pavimentar Steve Lacy como o grande artista e produtor que é. Agora, isso não é mais um problema, graças a Gemini Rights.

Acredite: o álbum é mais do que o hino do TikTok “Bad Habit”: há pérolas como “Helmet” e “Sunshine”, que possibilitam visualizar todo o talento e versatilidade de Steve.

2) RENAISSANCE, de Beyoncé

Que Beyoncé Knowles é uma das grandes estrelas da música nesse século e na história, isso não é uma novidade. Porém, em RENAISSANCE, parece que esse lado da cantora nunca esteve tão vivo.

No sétimo disco de sua carreira solo, Bey presta uma homenagem à influência que a cena do house teve na sua vida, enquanto demonstra o porquê é incomparável no âmbito criativo e na aura grandiosa que a cerca.

1) MOTOMAMI, da ROSALÍA

“Saoco, papi, saoco!”

Um dos primeiros versos do terceiro álbum da cantora ROSALÍA pode parecer dizer pouco, mas fala muito nas entrelinhas: a cantora evoca uma de suas referências musicais - que mais do que apenas serem musicais, moldam a sua personalidade. Além disso, esse é um convite para o ouvinte entrar na pista de dança.

Tudo isso explica um pouco do que é MOTOMAMI: mais do que um álbum que mantém a energia lá em cima, é uma deliciosa viagem às diversas personas - inclusive musicais - que a cantora catalã possui.