TOP 10: Jullie Suarez

A Jullie selecionou os seus dez lançamentos preferidos de 2022 entre álbuns e EPs.

   10) Il giorno in cui ho smesso di pensare, do Irama

O cantor italiano resolveu se focar totalmente em shows e na construção de seu novo álbum, depois de duas participações não tão satisfatórias no festival de Sanremo, e entregou muito ao longo do ano.

Em Il giorno in cui ho smesso di pensare, ele investiu mais em feats com músicos em alta nas paradas da Itália, como o MACE, que aparece logo na música de abertura do álbum, “Sono Fragile”. Já na segunda canção, “Baby - Capitolo XI”, — uma das poucas canções em que ele deixou os feats de lado — ele apresenta um lado mais blues, íntimo e um pouco diferente das músicas que ele vinha lançando até então.

Esse trabalho também mostra a versatilidade desse jovem cantor e rapper: há músicas (ou parte delas) em pelo menos 3 idiomas diferentes ao longo do álbum, que incluem espanhol, francês e inglês, além do idioma original. O destaque desse álbum, sem dúvida, fica com o hit “5 Gocce”, parceria com Rkomi e que foi um grande sucesso nas paradas italianas.

O álbum encerra com uma das canções mais belas, “Ovunque Sarai”, música apresentada no Sanremo 2022, que traz uma profundidade e significado muito pessoal, já que foi escrita durante a pandemia para as pessoas queridas que já partiram e que trouxe um clipe igualmente emocionante e sensível.

9) is this what i look like?, do Yours Truly

Quem curte Paramore, Tonight Alive ou bandas com vocal feminino no geral, deveria dar uma atenção ao Yours Truly.

Banda australiana relativamente nova, os conheci esse ano, enquanto trabalhava em um material dos ingleses do You Me At Six. O vocalista dessa banda em questão, inclusive, tem uma participação em uma faixa ótima chamada “Hallucinate”, que é parte integrante desse álbum.

Embora não seja grande fã de Paramore, vejo alguma semelhança do Yours Truly com eles. Seja pelo timbre de voz da vocalista ou simplesmente porque é impossível não comparar, já que Paramore é uma grande referência para todas as bandas de vocal feminino que vieram depois. Sobre as músicas do disco, vale um destaque especial para "Walk Over My Grave", "Careless Kind" e "Lights On", que encerra o álbum muito bem, te deixando curioso para conhecer mais da banda.

8) True North, do A-ha

A banda que dispensa apresentações - e que esteve recentemente no Brasil para uma série de shows - lançou seu mais recente álbum em outubro.

Denominado True North, o disco traz aquela vibe que só o A-ha pode te proporcionar: um sentimento meio saudosista e, ao mesmo tempo, uma renovação. Junto ao álbum, a banda veterana também lançou um filme que os mostra durante as gravações do disco com a orquestra, que aconteceram durante 2021, em Bodø, cidade norueguesa que fica em torno de 90 km acima do círculo Polar Ártico.

O álbum traz letras reconfortantes para o atual cenário global, uma vez que falam sobre assuntos cotidianos, em especial a relação do ser humano com o meio ambiente. Nesse ponto, além do single "As If", a melancólica "I’m in" e "Forest for The Trees", outras duas canções merecem ser destacadas: "Bluest Of Blue", de uma sensibilidade sem igual e capaz de te fazer viajar por cada palavra cantada por Morten; e "Summer Rain", essa última trazendo um momento mais reflexivo.

Falar de A-ha é saber que sempre será difícil descrever o quanto as canções te tocam de uma forma profunda e especial, e também, saber que dificilmente terá qualquer música ruim.

7) Decide, de DJO

DJO é o pseudônimo usado por Joe Keery, um dos atores de Stranger Things que figuram nessa lista. Ele, que interpreta o personagem Steve na série, mostra um lado totalmente diferente nos palcos, inclusive fazendo um show muito bacana na versão americana do Lollapalooza desse ano.

Decide não é seu primeiro trabalho na música. Assim como sua colega de elenco Maya Hawke, esse é o segundo álbum lançado por ele. O disco mistura música eletrônica e indie rock de uma forma bastante equilibrada e com uma produção impecável.

O que mais chama a atenção, é a forma cômica como ele desenvolve sua identidade musical nos vídeos e como as canções tem uma continuidade com o tempo diminuído ou quase inexistente de uma faixa para outra. Para quem curte uma vibe mais oitentista, com certeza vai se interessar pelo trabalho do DJO, tendo em vista que ele deixa bem clara essas referências em todos os trabalhos do projeto feitos até então.

Sem dúvida, a música que abre o álbum, “Runner”, é uma das melhores, seguida por "Half Life", "On and On" e "I Want Your Video", que completam as principais canções para observar como o ator se sai bem também no campo musical.

6) Moss, da Maya Hawke

Se você gosta da série Stranger Things, você provavelmente já conhece a Maya Hawke, só talvez não saiba que ela também tem uma carreira musical. A artista lançou seu álbum Moss em setembro desse ano e vem trabalhando algumas músicas desde então.

Com um estilo mais puxado para o folk, ela traz canções calmas e algumas com vídeos um pouco “polêmicos” ou talvez um pouco “impactantes” demais para a família tradicional brasileira. Com uma voz doce e com um estilo que não lembra em nada sua personagem na série, a cantora e atriz vem fazendo alguns shows para apresentar esse sendo seu segundo disco de inéditas. O álbum me soa bastante poético e traz uma sensação de liberdade em cada música, difícil de descrever, mais um daquele conjunto de canções para te confortar em uma noite chuvosa de reflexão.

Como recomendação, destaco o primeiro single “Thérèse” e as canções "Hiatus", "Sweet Tooth" e "Sticky Little Words".

5) MATERIA (PELLE), de Marco Mengoni

Novamente, Marco Mengoni aparece no meu listão de melhores álbuns do ano, trazendo mais um trabalho impecável. MATERIA (PELLE) é a continuação do álbum lançado em 2021, MATERIA (TERRA), que teve um ótimo desempenho nas paradas italianas. É um tipo de continuação com ar de relançamento, já que há algumas músicas do álbum anterior que aparecem nesse novo, mas vale estar na lista por alguns motivos bem pontuais.

Para começar, o álbum abre com o hit “No Stress”, que figurou por um longo tempo no topo das paradas italianas e com razão: é dançante na medida certa e o tipo de música que contagia e gruda na cabeça de um jeito bom. Apesar de ser um álbum longo, consegue ser suave e manter uma linha bem definida, que se encaixam perfeitamente com as canções do seu antecessor. Além de ter pequenos registros, um pouco mais “informais” de músicas em espanhol e italiano, o que acaba dando um ar de intimidade para o álbum e convidando o ouvinte a curtir ainda mais a experiência.

Poderia descrever como um álbum confortante, para ouvir em um momento relax, o que acaba fazendo total sentido, quando você lê o nome da primeira faixa, e que segue nessa vibe, álbum adentro com canções como "Tutti I Miei Ricordi", "Parlami Sopra", "Respira" e "Luce".

4) i used to think i could fly, Tate McRae

Embora não seja uma grande conhecedora do trabalho da Tate McRae, eu gostei muito desse novo álbum, especialmente por essa “conectividade” de uma música com a outra. É o tipo de álbum que você ouve no looping e nem sente quando termina ou começa.

Conheci Tate esse ano através da música “Chaotic”, quinta faixa desse álbum, e logo ela me chamou atenção por, em alguns momentos, sua voz me recordar um pouco a cantora Melanie Martinez e, em outros, soar parecida com Olivia Rodrigo. Talvez eu tenha tido essa impressão pela “estética” sonora dessas cantoras serem semelhantes.

É um pop que me traz uma certa nostalgia dos anos 2000 mas, simultaneamente, é algo jovem e atual. Outras músicas nesse álbum merecem atenção como, por exemplo, a baladinha dançante “what’s your problem?” e a faixa mais pop rock “she’s all i wanna be”, sendo uma das minhas preferidas e que está no repeat por aqui.

3) Xenoverso, do Rancore

O nome parece familiar mas calma: eu não estou falando da banda e sim do rapper Tarek Iurcich, que adotou Rancore como seu nome artístico. Nascido em Tufello, periferia de Roma, filho de pai croata e mãe egípcia, ele é um dos mestres do freestyle da cena do hip hop italiano. Por sua vez, Xenoverso é o termo que o artista criou para descrever a sua forma de ver as coisas que o levavam para outra dimensão.

O álbum é o que ele chama de “hip hop hermético” e vem carregado de simbologias e significados, além de muitas referências poéticas, filosóficas e criticas sociais, os quais são uma de suas marcas. Esse é um álbum diferente do convencional e que saiu dois anos após o principal single ser lançado, durante o festival de Sanremo. Para isso, o artista justifica que além da pandemia - que logicamente atrasou todo o processo; ele sentiu a necessidade de fazer um disco que não seguisse em nada a lógica de mercado.

Xenoverso também se torna especial por toda a atmosfera que o rapper criou em torno dele, envolvendo uma experiência imersiva, com um site destinado ao álbum e seus vídeos muito bem estruturados, seguindo uma lógica e contando uma história que mistura música com diálogos, e que prende a atenção do ouvinte. É difícil descrever todas as sensações que o álbum te proporciona, e as inúmeras interpretações que ele pode ter, mas posso dizer, que você de fato se sente entre duas dimensões.

Como destaques, posso citar a canção que dá título ao disco e a mais recente trabalhada por ele, chamada “Freccia”, além de “Eden”, primeira música lançada e que conta com a participação de Dardust.

2) Multitude, do Stromae

O cantor belga que, segundo ele, entrou em hiato para tentar viver uma vida normal, não lançava um álbum de inéditas desde 2013. Quase 10 anos depois, ele nos recompensou com essa joia rara repleta de misturas sonoras.

Começamos a conhecer, o que viria a se tornar esse álbum incrível, lá em 2021 com o lançamento da faixa "Santé", que assinou o retorno definitivo do cantor aos holofotes. Logo no início de 2022, ele divulgou a ótima e dramática “L’enfer” para preparar o público para o que vinha nos meses a seguir.

Em Multitude, Stromae não brinca apenas com as palavras, mas também explora novos ritmos, misturas e novos instrumentos como só ele sabe fazer. É um álbum envolvente, e é impensável ele não estar entre os melhores do ano. Como destaque, cito as canções “Fils de joie” e “Bonne Journée", além das já citadas. A única parte ruim desse álbum é que ele acaba e nos deixa com aquele gostinho de quero mais. Espero que ele não demore mais tanto tempo para lançar novos trabalhos e nos agraciar com seu incrível talento.

1) Land Of Dreams, do Mark Owen

Sem dúvida esse foi o álbum mais aguardado para mim neste ano, mas antes de falar sobre ele, vamos para um pequeno contexto: você provavelmente deve estar se perguntando quem é esse tal de Mark Owen, não é mesmo?

Se você é da geração dos anos 90, talvez você já conheça esse cara e nem faça ideia disso. Mark é um dos integrantes da boy band (agora old band, já que todos os integrantes estão na casa do 50 anos) britânica Take That. Eles foram responsáveis pelo hit “Back for Good”, que fez parte da trilha sonora da novela Explode coração no ano de 94 (sim essa mesmo, a do Cigano Igor), e desse grupo também surgiu um grande e polêmico hitmaker: Robbie Williams.

Enquanto seu colega de banda fazia relançamentos de álbuns antigos em edições comemorativas, Mark aproveitou para fazer um trabalho como ele sempre sonhou e que, no final, trouxe músicas interessantes. Entre altos e baixos em sua carreira, o cantor não lançava um novo álbum há 9 anos, e embora ele ainda esteja na ativa com o Take That, os fãs estavam sedentos por novidades solo com seu estilo peculiar.

Em Land Of Dreams, ele explorou sonoridades, mas deixou sua influência dos velhos anos 70 bem clara logo de cara. O álbum traz músicas com histórias interessantes como, por exemplo, “Are you Looking For Billy?”, que surgiu quando o cantor pegou um táxi, no qual o motorista se chamava Billy e ele criou toda uma história a partir dessa informação. Particularmente, o grande destaque desse álbum para mim é “Come Back”. Ela é contagiante e um tanto especial, já que a filha mais velha do cantor, Willow, faz um dueto com ele e a sua voz impressiona.

A simpática “Magic” e “Rio”, que explicitamente se refere ao Rio de Janeiro, merecem destaque. Vale também uma menção para “Last of Heroes”, música que tem como um dos compositores, seu colega de banda, Gary Barlow. No geral, é um álbum muito direcionado para os fãs e para quem gosta de um estilo mais “hippie no luau na praia da Califórnia nos anos 70”.