TOP 10: Henrique Ferreira

O Henrique selecionou os seus dez lançamentos preferidos de 2022 entre álbuns e EPs.

   10) Dawn FM, do The Weeknd

Após o estrondoso trabalho feito em After Hours, Abel mostra porque é um dos maiores hitmakers dos últimos tempos com Dawn FM.

O quinto álbum veio com uma pegada de pop, synth pop, R&B e uma melancolia que também foi bem vista nos outros trabalhos do canadense. Seria assim a fórmula de sucesso que Abel encontrou para estar entre os cantores A-List? Acredito que a resposta você já saiba, pois o Dawn FM é nostálgico, pegajoso e completamente sensorial, ainda mais quando tem o toque de dois artistas em seus feats que é o caso de Lil Wayne e Tyler, The Creator. E é neste álbum que você percebe claramente que os vocais estão cada vez melhores.

9) Dance Fever, do Florence and the Machine

Florence Welch é outra artista que está no grupo daqueles que nunca lançaram uma música/álbum ruim e com Dance Fever ela mostra exatamente isso.

Saindo um pouco da sonoridade de outros álbuns que colocaram a banda onde ela se encontra hoje, Dance Fever é o retrato de uma artista mais humana e que mostra que não é nada perfeita. Com muita guitarra e violão e deixando o piano de fora dessa vez, o álbum é uma obra prima majestosa com várias mãos talentosas além de Welch, dentre elas Jack Antonoff, que produziu os álbuns poderosos de Lana Del Rey, Taylor Swift e Lorde; e o líder da banda Glass Animals, Dave Bayley.

Grandes sintetizadores, guitarras e arranjos poderosos e um toque minimalista formam o quinto álbum da banda inglesa.

8) Harry`s House, do Harry Styles

Quando Fine Line veio ao mundo, eu me perguntei se Harry Styles ia conseguir manter a linha de qualidade e sucesso nos próximos lançamentos e a resposta veio quando Harry`s House chegou.

Um álbum completo com nuances de solidão e ritmos dançantes, intimistas e com uma fortíssima influência oitentista foi o que Harry entregou e cá entre nós… nao esperava menos de quem lançou álbuns tão bons quanto Fine Line e Harry pois todos os três álbuns, pra mim, estão conectados.

Harry's House é um álbum para ouvir enquanto está dirigindo, enquanto lava a louça ou que você vai acabar encontrando enquanto passa por alguma rádio. Esperançoso para os próximos trabalhos do britânico.

7) QVVJFA?, do Baco Exu do Blues

QVVJFA? é o terceiro álbum de estúdio de Baco Exu do Blues e atingiu o top 3 do Apple Music Brasil em janeiro deste ano.

É um trabalho muito bem feito pelo rapper baiano que expõe as feridas e as cicatrizes do coração. E particularmente não tinha visto um lado tão doloroso e exposto dele. Um álbum grandioso que explora a dor de uma maneira tão íntima e conflituosa.

Com sample de Vinicius de Moraes e Gal Costa, além de Muse Maya e Gloria Groove em seus feats, Baco deixa escancarado as memorias, amores e dores em ser um homem negro. QVVJFA? é ainda mais bonito e poético do que seus antecessores e carrega ainda mais as influências religiosas de raízes africanas em "Cigana", "Dois Amores" e no nome artístico do artista. Vale o play e o replay, vai por mim!

6) MOTOMAMI, da Rosalía

Rosalía lança seu terceiro álbum de estúdio e bota nele simplesmente a maior nota do Metacritic. Esse feito é para poucos, mas parece que a espanhola pode sim repetir esse feito em seus futuros trabalhos.

Depois de um amadurecimento do seu álbum de 2018 e com grandes parcerias como Travis Scott, J Balvin, The Weeknd e Billie Eilish, a cantora insere no mercado um lado liberto e despido que não foi tão visto anteriormente e que arrastou uma multidão de fãs fiéis pelo mundo afora.

Ela tá na boca do povo, nas rádios, nas boates e dificilmente você vai encontrar alguém no meio pop que não cantarolou um trecho sequer de MOTOMAMI.

5) Fúria, de Urias

Imagina ser uma artista iniciante e lançar seu primeiro álbum com uma qualidade absurda e se igualar a cantoras que já tem um certo nível de experiência no mercado? Esse é o caso de Urias e com seu álbum Fúria.

A Drag Queen chuta a porta da indústria e mostra que tá ali sem medo de ser vulnerável, sentimental e poderosa no seu álbum de debut. Urias deixa explícito a dificuldade de ser uma artista negra e queer no Brasil com Fúria que tem uma sonoridade que flutua entre o trap e o pop.

Podemos esperar grandes feitos de uma das drag queens que mais cresce no país.

4) LADY LESTE, de Gloria Groove

Daniel Garcia, mais conhecido por dar vida a Gloria Groove, joga na cara o porquê de ser um artista completo ao lançar o icônico LADY LESTE.

Com 13 músicas e com uma sonoridade que passa pelo pop, funk, rap e pagode, o último álbum de GG é um grande compilado de hits. "Bonekinha", "Vermelho", "Leilão" e "A Queda" são mais que suficientes para mostrar que Gloria Groove entregou qualidade e coesão ao lançar seu segundo álbum de estúdio, mas isso também foi muito bem visto e ouvido nos seus outros EPs e singles.

Ainda sobre "Vermelho, ele contém um sample de "Mina de Vermelho" do MC Daleste para celebrar o legado do cantor de funk paulista. "Ele marcou a vida de muitas pessoas da minha idade nas festas e nos bailes. Antes de mim, ele foi um dos artistas que colocou a zona leste no mapa, por isso a escolhi para puxar a chegada do álbum", disse a artista.

LADY LESTE é uma obra prima de sucesso e de qualidade inquestionável que é certeiro ao mostrar a ascensão de Gloria Groove na indústria musical brasileira.

3) Mr Morales & Big Steppers, de Kendrick Lamar

O quinto álbum de Kendrick Lamar pode facilmente ser uma sessão de terapia condensada em 1h18m do rapper ao mundo.

Um álbum humano, forte e que mostra que até o intocável pode ser tocável. Portando uma coroa de espinhos cravejada de diamantes feita exclusivamente pela Tiffany, o artista estampa uma das capas de álbuns mais poderosas do ano. A coroa inclusive é uma metáfora para proeza artística, humildade e perseverança, segundo a joalheria.

Kendrick é outro artista que é incapaz de lançar músicas ruins, entrega com corações e mentes abertas um álbum muito pessoal e vulnerável.

2) < COPINGMECHANISM >, da Willow

Willow é uma das poucas artistas que conheço que nunca lançou um álbum mediano/fraco e não foi diferente com < COPINGMECHANISM >.

Com uma influência fortíssima no rock - que pegou emprestado do poderoso lately i feel EVERYTHING e sua parceria perfeita com Travis Barker; Willow prova que é uma artista em ascensão e em evolução frequente e seu último álbum deixa isso explicito com vocais maduros, solos de guitarras incrivelmente bem executados e com um visual que lembra cyberpunk.

Inclusive, cabe aqui um adendo: a família Smith tem um bom sangue quando o assunto é talento. Will, Jaden, Jada e Willow são artistas inegáveis!!!!

1) Renaissance, da Beyoncé

Beyoncé saiu de um hiato e mostrou o porquê de ser uma das maiores artistas do século. O primeiro ato do seu retorno é o Renaissance, que é um dos álbuns mais bem avaliados do ano pela crítica.

O sucessor do estrondoso e polêmico Lemonade veio sorrateiro com uma fortíssima influência de dance music, house e a mensagem de que não existe ninguém que possa pensar como ela. E a poderosa de Houston lançou seu álbum sem divulgação, sem visuais e deixou que sua influência na indústria o tornasse lendário e assim foi feito.

Inclusive ela é uma pouquíssimas artistas que podem sumir da face da terra e voltar como se não fosse nada. E estamos esperando os outros dois atos, viu Ms Carter?