TOP 10: Gabi Carol

A Gabi selecionou os seus dez lançamentos preferidos de 2022 entre álbuns e EPs.

   10) Unlimited Love, do Red Hot Chili Peppers

O melhor do Red Hot Chili Peppers é quando o Red Hot Chili Peppers está com o John Frusciante.

Agora que Frusciante voltou para a banda, o RHCP voltou às suas raízes: convocou Rick Rubin, responsável por todos os discos entre Blood Sugar Sex Magik e I'm With You, para produzir Unlimited Love, que traz a banda em seu modo vintage: funk rock californiano que lembra Californication e Stadium Arcadium, dois dos maiores discos deles. Ou seja, é o Red Hot Chili Peppers em sua melhor fase (novamente).

9) Dawn FM, do The Weeknd

Dawn FM foi o primeiro melhor disco lançado em 2022.

Sequência do bem sucedido After Hours, de 2020, Dawn FM mimetiza um programa de rádio onde The Weeknd canta sobre suas crises existenciais em cima de melodias synth-pop que remetem a Off the Wall e Thriller, obras de Michael Jackson.

O resultado é um dos melhores e mais reflexivos trabalhos de Abel Tesfaye, que continua se superando a cada disco lançado.

8) Dance Fever, de Florence + the Machine

Fazer referência à Praga da Dança de 1518 em seu disco mais dançante — e também aos visuais da época na parte estética do disco — fez com que Dance Fever se tornasse um dos mais interessantes (e bem recebidos) discos de Florence + the Machine tanto pelo público quanto pela crítica.

Influenciados pelo punk de Iggy Pop, a banda não deixou de lado a vibe etérea e barroca dos discos anteriores, só que dessa vez eles não fazem apenas músicas hipnotizantes: no disco, synth-rock, música eletrônica, pop rock e dance-pop são usados para causar uma febre da dança moderna enquanto Florence canta sobre suas epifanias incontroláveis.

7) Mr. Morale & the Big Steppers, do Kendrick Lamar

O primeiro disco de Kendrick Lamar em cinco anos traz o artista excelente como sempre, desta vez falando sobre paternidade, trauma geracional, religião e infidelidade — basicamente, temas familiares.

Com uma produção minimalista cheia de elementos de jazz — algo que ele inclui em seus discos desde o espetacular To Pimp a Butterfly; Mr. Morale & the Big Steppers é um brilhante trabalho de um dos mais brilhantes artistas vivos.

6) CRASH, da Charli XCX

Charli XCX sabe fazer música pop e Crash é a prova definitiva disso.

O quinto disco da artista é divertido, dançante e surpreendente, com participações de artistas consideradas alternativas no cenário pop, como Christine and the Queens, Caroline Polachek e Rina Sawayama — com quem Charli divide os vocais em "Beg For You", uma das melhores faixas do disco.

Mesmo quando tenta fazer um pop comum, mainstream, e não ser tão experimental quanto foi em seus trabalhos anteriores, Charli XCX não cai na mesmice ou é entediante. Essa é a melhor coisa sobre Crash.

5) Harry's House, do Harry Styles

Em seu terceiro disco, Harry Styles mostra que consegue fazer músicas ainda mais charmosas, ainda mais intimistas e ainda mais magnéticas do que em seus discos anteriores.

Cheio de sintetizadores, influenciado por períodos passados no Japão — o título, inclusive, é uma referência ao álbum do artista japonês Haruomi Hosono — e pelo synth-pop e pelo R&B, Harry's House estabelece Harry Styles como um dos mais interessantes nomes masculinos da música atual e nos deixa curiosos para saber quais serão seus próximos passos.

4) Wet Leg, do Wet Leg

Garotas tocando guitarras e cantando músicas cheias de duplo sentido: é sobre isso que o disco da dupla inglesa Wet Leg se trata.

Com sua sonoridade meio new wave, meio pop punk, meio britpop, referências que vão de David Bowie à Meninas Malvadas e reclamações sobre ex namorados, Wet Leg é, além de um disco cheio de refrões memoráveis, uma ótima surpresa por ser um disco de estreia com personalidade.

3) Ants From Up There, do Black Country, New Road

Existe algo em Ants From Up There que o torna um dos discos mais interessantes lançados em 2022: talvez seja a abordagem experimental, talvez sejam as músicas felizes com letras sentimentais, talvez seja o fato de que ele é um disco impecável que, sem dúvidas, se tornará um clássico daqui alguns anos.

Ouvindo ele, também é impossível não lembrar de Funeral, do Arcade Fire — e qualquer comparação com o Arcade Fire é um dos maiores elogios que podem ser feitos a uma banda.

2) MOTOMAMI, da Rosalía

Em MOTOMAMI, Rosalía dita o tom do disco logo na faixa de abertura: ao cantar "Como uma borboleta, eu me transformo" nos primeiros momentos de "Saoko", ela assume que está fazendo um trabalho frenético, insano, lotado de contradições e metamorfoses, sem se levar a sério.

Com uma mistura de ritmos que vão do reggaeton ao flamenco e do funk carioca a bachata — com espaço até mesmo para se inspirar em "Wuthering Heights", da Kate Bush —, Rosalía estabeleceu novos limites para o pop, ainda que seja um pouco difícil aceitar ou entender a aparentemente estranheza de MOTOMAMI de primeira.

1) Renaissance, da Beyoncé

Depois de seis anos sem álbum solo, Beyoncé lançou o melhor disco do ano, que também é o melhor de sua carreira, e simplesmente sumiu depois.

É difícil saber por onde começar a elogiar Renaissance. Cheio de influências do house, do funk e do disco, e com letras hedonistas e escapistas — perfeitas para um mundo que, recentemente, foi destruído por uma pandemia — o álbum (também chamado de Act I: Renaissance, indicando que essa talvez seja a primeira parte de um projeto ainda maior) é divertido, é dançante, é significativo, é representativo. É a obra prima da maior artista de uma geração.

Talvez seu único defeito seja a falta de materiais visuais, mas, quem somos nós para cobrar que Beyoncé faça algo?