Olá!
Que bom ter você por aqui.
Estou iniciando o centésimo sexagésimo quinto projeto do Audiograma e, sendo bem sincero, torço apenas para que ele não fique no limbo como 95% do que foram iniciados antes. Confiante? Talvez. Por qual motivo? Pelo fato disso aqui não ter regras, se basear em pensamentos aleatórios e não ter (muitos) filtros. A ideia é dar a minha opinião (não solicitada) sobre assuntos ligados à música, torcer para que alguém leia e para não ser cancelado por qualquer motivo que seja.
O formato é de uma newsletter como várias que a gente recebe em nosso e-mail semanalmente. Uma publicação dividida em tópicos e um tema central. E agora você deve estar se perguntando por qual motivo isso virou uma coluna, né? Simples: eu saberia quantas pessoas se cadastraram na newsletter e não sei lidar muito bem com rejeição. Uma coluna no site faz com que eu precise de alguns cliques para descobrir esses dados.
É quase como se eu me sentisse importante a ponto de escrever uma carta aberta semanal sobre qualquer assunto, mas não estivesse preparado para não ter retorno sobre isso, mesmo sabendo que ninguém se importa muito. Entende a complexidade?
Para começar, tem…
Acontecimentos relevantes (pra mim)
- A Faye Webster – a maior torcedora indie do Atlanta Braves – achou interessante orquestrar algumas músicas presentes nos seus dois últimos álbuns e lançar um EP. Eu não sabia que precisava disso até ouvir.
- A brasileira mais alemã do mundo (ou seria o contrário?) e seu fiel escudeiro soltaram um novo álbum. Estou falando de Sophie Hawley-Weld e Tucker Halpern, o SOFI TUKKER. Falei um pouco do trabalho aqui, mas se você quer se mexer na sala e ficar impressionado com o português de milhões da Soph, é só dar play.
- A Live Nation mudou o show da Rosalía de lugar. Aleluia. Saiu do Tokio Marine Hall (4 mil pessoas) e foi pro Espaço das Américas (8 mil). Melhorou, mas ousaria dizer que um lugar com 10/12 mil pessoas seria o ideal. Onde? Ativando o modo anfiteatro no Allianz Parque? Devaneios…
- Hoje começa a saga do Metallica pelo Brasil. Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte. Andei olhando os shows nos países vizinhos e a banda tá tocando menos músicas do que tocou no Lollapalooza Brasil em 2017, quando foram headliners. Espero que isso mude, principalmente se eu decidir sair do modo recluso e resolver encarar o Mineirão no dia 12. Tem o Greta Van Fleet também, mas isso eu deixo pra lá…
- Norah Jones foi no Jimmy Fallon cantar “Don’t Know Why” e eu voltei duas décadas no tempo. Pois é, você piscou e o Come Away With Me está completando 20 aninhos de vida. Ganhou até uma edição Super Deluxe Mega Hiper Fantastic.
- O lineup do Primavera Sound está de milhões. Bjork, Mitski, Beach House, a Gal cantando o Fa-Tal, Helado Negro… tem até Lorde e Arctic Monkeys… e a Phoebe Bridgers. O ingresso também está de milhões, é verdade, mas está tão lindo o lineup que eu entendo você parcelar em 5X sem juros no cartão. Inclusive, cogitei. Pena que a administradora do cartão disse que não tenho limite. Mas prometo falar direito do festival em breve…
O que eu tô ouvindo e você também deveria
- Charlinha entregou o pop que
a gravadorao povo queria em CRASH, seu quinto registro de estúdio. Tá no repeat desde que saiu, muito por causa de “Baby”, “Beg For You” e a capacidade que a XCX tem que fazer música chiclete. - “Tô passando na sua rua. Não fica apaixonadinha. Você e sua amiguinha, quer subir na minha motinha?“. Falei da motoqueira número um do mundo e não poderia deixar de falar do MOTOMAMI, esse troço lindo que a Rosalía lançou. É o melhor dela? Não sei, mas as variações que “CUUUUuuuuuute” apresenta em menos de 3 minutos fizeram dessa uma das minhas músicas favoritas do ano.
- Ainda que eu esteja preso no For the first time até hoje, preciso dizer que o novo álbum do Black Country, New Road é muito bom. Ants From Up There é ainda mais criativo e, desde já, candidato a figurar nas listas de melhores do ano.
- Voltei lá em 2016 com o #nuncamaiseuvoudormir, o EP do João Brasil que tem “Michael Douglas”, lembra? Mas nem foi por causa desse hit e sim por “Cerveja” e aquela vontade de tomar um danone geladinho que sempre bate por aqui.
- Lembra do SNAP!? Não faz muito tempo, resolvi ouvir o World Power (1990) de novo e me prendi nesse álbum.
- Como um bom fã, eu já estou todo UNLIMITEDLOVEZADO. Sim, estou falando do novo álbum do Red Hot Chili Peppers, aquela banda que resiste ao tempo e que muitos amam odiar. Talvez a minha expectativa em torno da volta do Frusciante não estivesse alta
já que eu achei uma sacanagem o que fizeram com o Klinghofferpor motivos que não cabem aqui, mas o resultado é um álbum extremamente interessante pros fãs. Cada vez mais, acho “Black Summer” uma puta música boa do cacete. “Aquatic Mouth Dance”, “These Are The Ways” e “Whatchu Tinkin'” idem. Quem sabe nasce uma resenha por aqui, não é mesmo?
O devaneio da vez…
Bom, faz tempo que tento reencontrar a minha vontade de escrever ou falar sobre música e vários foram os motivos que fizeram com que eu me afastasse disso.
O país, por si só, já é um motivo capaz de levar embora qualquer motivação do brasileiro de sobreviver e, aos 45 do segundo tempo, isso acabou batendo por aqui de uma forma que eu não esperava. Soma-se ainda o questionamento profissional, as metas não alcançadas, os 35 anos entrando com o pé na porta, uma falta de perspectiva e temos aqui um combo dementador capaz de levar toda a capacidade mental que ocupava essa cabeça já um pouco perturbada.
Para quem me acompanha no Twitter, passei a falar muito mais de futebol ou de TV por lá nos últimos seis meses. Sempre foram temas que fizeram parte da minha vida como hobby, mas acabou gerando um alerta por aqui: onde foi parar a vontade de falar sobre música? Em que ponto ver a música como um trabalho me afastou daquele John que ficava feliz por indicar músicas pras pessoas que gosta? Já falei sobre isso algumas vezes – inclusive neste ano; então nem vou me estender nas minhas questões com o jornalismo musical ou como me sinto deslocado nesse formato tradicional. Até porque, esse não é o ponto principal aqui.
Não é de hoje que tento achar um formato onde me sinta bem. Texto? Vídeo? Podcast? Apesar de gostar de ambos, as questões já abordadas aliadas a cobrança que exerço em cima do que faço se tornaram fatores importantes para que algumas coisas ficassem em stand-by. Texto? Eu não me acho tão bom resenhando um álbum ou contando uma história. Vídeo? Tenho a desenvoltura de um bonecão do posto na frente da câmera. Podcast? Não consigo gostar da minha voz e me acho péssimo editando. Dessa forma, vários textos ficaram no rascunho, vídeos não foram gravados e podcasts não foram publicados. O auge foi começar um projeto no AudioCast (que ainda não morreu), gravar metade dele e deixar de lado após o primeiro episódio publicado. Não me orgulho disso e até tirei o episódio do ar, mas ainda são coisas maiores do que eu.
E por que diabos começar uma coluna em forma de newsletter?
Sabe aquela coisa do “fazer o melhor que consegue”? Eu não consigo aplicar isso em uma resenha de álbum por exemplo. Não acho justo escrever um texto crítico sobre o trabalho de alguém fazendo “o que dá”. Não é justo com o artista ou com a obra em questão.
Ao contar uma história, eu preciso estar preparado para isso e, atualmente, não me sinto desta forma. Eu gosto bastante de um texto que publiquei em 2015 sobre o Milli Vanilli e, ainda que a minha escrita tenha mudado muito de lá pra cá, não é algo que sinto vontade de refazer toda vez que olho. Até hoje, é raro isso acontecer.
Em uma newsletter, parece ser mais fácil me desprender das exigências impostas pela minha cabeça, ainda que o fator rejeição siga se fazendo presente. Ao trazer esse formato para uma coluna, sinto que posso ser um pouco mais “simples e direto” com as opiniões e não me cobrar tanto por isso. É o que a minha cabeça permite no momento e, pensando no futuro, é uma forma de manter um compromisso com o Audiograma. Se vai funcionar? Nós vamos descobrir em breve…
Antes de ir…
- Gostaria de aproveitar esse espaço para me desculpar publicamente com todo mundo que trabalha com assessoria de imprensa e que, nos últimos meses, ficou sem resposta minha. Eu juro que não foi por mal, tá? Tentarei recompensar isso no futuro…
- Quer mandar pautas para o Audiograma? imprensa@audiograma.com.br. É lá que concentramos as pautas (e é um e-mail que mais pessoas possuem acesso). Agora, quer me mandar algo muito específico? uma proposta irrecusável? um convite? johnpereira@audiograma.com.br é o caminho.
- Veja esse clipe…