O nome da banda paulistana Cabeça Óca já diz muito sobre o estilo de música que eles nos trazem: um trocadilho aqui, uma referência brasileira ali e toques de humor. É com anedotas e um espírito boêmio que a banda, que lançou o seu primeiro EP homônimo em 2017, se propõe a compor suas músicas.
A atmosfera musical da Cabeça Óca é diferente de tudo o que temos hoje em dia no cenário independente. Há uma variedade rica de referências, estilo próprio e poesia logo nas faixas do primeiro EP que são, respectivamente, “Tic Toc”, “Carnaval”, “Minha Liberdade” e “25/03”. Esta última, uma homenagem à famosa Rua 25 de março de São Paulo, que traz jogos de palavras muito espirituosos sobre pontos turísticos de São Paulo, amor e vivências experienciadas na cidade grande. O universo melódico da banda traz uma gostosa síntese dos gêneros musicais comumente explorados pela MPB: samba, bossa-nova, baião e outros timbres especiais da nossa terra tupiniquim.
O quarteto é composto por Emil Kopaz (guitarra), Sérgio Hime (teclado e guitarra), Felipe Fretin (voz) e Waldyr Bitetti (percussão). Começaram há pouco tempo a se apresentar nos palcos independentes de São Paulo, mas já conquistaram um fã-clube fiel e considerável que os acompanha. Com apresentações em casas como Teatro Cia da Revista, Teatro de Bolso do IV Mundo e Espaço Parlapatões, eles encheram plateias com suas músicas autorais e covers como “Tango do Mal”, de Luciano Salvador Bahia; “Cachaça Mecânica”, de Erasmo Carlos; e “Mora na Filosofia”, de Caetano Veloso.
Financiamento coletivo e o Fim do Mundo
Não foi surpresa, então, quando o grupo teve sua meta total ultrapassada na campanha de financiamento coletivo para a produção do primeiro álbum deles. Hoje, parece até irônico o título do EP Fim do Mundo, que foi gravado Estúdio da Pá Virada no começo de 2019 e produzido por Thiago Big Rabello.
Esse novo álbum reflete temáticas urbanas e melancólicas, enquanto passeia por estilos como o baião, música latina e outras referências regionais. A introdução do uso de guitarras elétricas, bateria e sintetizadores também marca esta nova fase da Cabeça Óca. O resultado foi um trabalho surpreendente pela sua originalidade estética, melodias refinadas e letras inteligentes que conquistou muitos ouvintes.
Vida de Cão
Vida de Cão foi o primeiro single do novo disco, lançado em 2019. Apesar do pouco tempo de vida, a música já tem seus feitos heroicos: em maio, ultrapassou os 60 mil streams no Spotify. Já recorrente nos shows do quarteto, a faixa ganhou uma nova e diferente versão embalada pela atmosfera sonora do novo disco.
“Nossas composições sempre foram inspiradas por questões cotidianas, e Vida de Cão segue esse fluxo. Com bom humor, tratamos sobre essa trabalhosa e amável relação entre uma pessoa e seu animal de estimação”, complementa Waldyr.
“Acredito que essa faixa mostra bem a transição da banda”, comenta o guitarrista Emil sobre o arranjo atualizado. “A gente se inspirou em gêneros do Norte, como a lambada, o carimbó e o tecnobrega, trazendo uma nova dinâmica”, explica. “O período em estúdio foi muito importante para essa transição de sonoridade, porque tivemos tempo para trabalhar as músicas, explorar timbres, instrumentos e arranjos”, comenta Sérgio.
O single entrou para a playlist Brasil 360 do Spotify. Em comemoração aos 60 mil streams na plataforma, a banda está produzindo um videoclipe colaborativo com o público. Para os que estão curiosos para ver a banda performando, o vídeo que acompanhou o lançamento no Estúdio Da Pá Virada está disponível aqui.
“Vida de Cão” e as demais faixas lançadas pela banda estão disponíveis nas principais plataformas de streaming.